Tiremos as chupetas para podermos abrir bem as boquinhas simplórias. Um suborno?! Dois, três, uma dúzia? Num negócio de milhões?
E quem é que se surpreende com este e outros subornos deste e de outros negócios?
Pela minha parte, surpreende-me agradavelmente, que tenha sido detectado mas não me surpreenderá que pelo Condado Portucalense tudo se desvaneça pelos costados de um Bibi ou de um Godinho – gente sem pedigree que é bom ter sempre à mão para «acidentes» deste género. Tipo apanha-bolas.
Toda a gente sabe, sente na pele, que vivemos dentro de um grande suborno, rodeados de subornos por todos os lados e se queremos escapar temos que subornar alguma divindade (benigna ou maligna) pois que os deuses, como consta nos seus registos, não actuam de amor em graça e para tudo querem contrapartidas.
O suborno, nem me dou ao trabalho de ir catar o dicionário à procura de sinónimos, é tão certo como a morte. O nome que lhe dão pode ser o que quiserem e der na real gana dos leitores – por isso não abro o dicionário nem me ponho aqui armada em moralista, juíza de subornáveis, matadora de subornadores.
O suborno é uma instituição à escala planetária, tem a sede no umbigo da terra e sucursais em todas as cidades, aldeias, vilas, lugarejos e tocas. O presidente do conselho de administração do Suborno sem Fronteiras é omnipresente, omnipotente, é insaciável e exige esporadicamente sacrifícios na praça pública para que os seus agentes saibam que tem de haver uma ética na actividade para evitar burros na água (ou submarinos).
Todos pertencemos a uma grande multidão de, digamos, Subornáqueos (engloba todos os seres vivos que de uma maneira ou de outra dependem da ajuda alheia para subsistir).
É evidente que ninguém me leva presa por subornar um cavalo com uma colher de açúcar ou um cão com um osso MAS trata-se do açúcar e do osso que eu tirei da minha boca e não tenho que dar satisfações a ninguém se me apetece subornar o cavalo para que não me escoiceie ou o cão para que me dê a patinha.
Porém, quando se trata de subornar cavalos ou cães de grande porte, até mesmo camelos, com os víveres dos outros, quero dizer, o dinheiro dos nossos impostos ( e pelos vistos também dos alemães), o suborno toma proporções que dão naquilo que se está a ver : e é um nojo, uma vergonha, um desaforo. É um roubo.
O pior erro que um Subornáqueo pode fazer, é subornar um burro.
E parece que aqui foi subornada uma récua inteira que não hesitou em dar com a língua nos dentes, bandear-se nesciamente com a albarda à mostra e depois… foi isto.
Mas Deus é grande e com umas dúzias de ave-marias e terços, caixotes de velas, umas catedrais e capelas e capelinhas e capeletas… sossegai, o senhor vai certamente estender-vos a sua divina protecção em troca: sabe-se lá de quê.
Entendam-se, desentendam-se, o povo vai vendo as notícias e como sempre, estes fogos apagam-se com o cuspo gasto pelos comentadores e informadores que por sua vez têm de subornar uns subornáveis para desvendar estas coisas em primeira mão. Pescadinha de rabo na boca.
Danke.