A diferença de preços entre o peixe cultivado e o selvagem, o preconceito sobre um peixe que não é “do mar”, e a inevitável realidade de que as reservas do peixe no mar estão a esgotar-se, colocam a produção de aquicultura no topo. Para além disso, o consumidor ocidental tem um gosto bastante requintado: prefere o robalo, a dourada, o salmão, peixes que se encontram em vias de extinção, cuja elevada procura só poderá ser suportada pela aquicultura.
Por aquicultura (ou aquacultura) entende-se a criação ou o cultivo de organismos aquáticos, como peixes, crustáceos e algas, entre outros, com técnicas direccionadas a aumentar, além das capacidades naturais do meio, a produção dos organismos em causa para alimentação humana. A aquicultura é uma actividade que abrange diversos aspectos e uma ampla variedade de espécies, sistemas e práticas.
A sua vasta dimensão gere novas oportunidades económicas através da criação de emprego, da utilização eficiente dos recursos locais e das oportunidades que surgem para um investimento produtivo. A aquicultura contribui também, e cada vez mais, para o aumento do comércio local e internacional. Dados que combatem a menos positiva previsão, para 2030, de que, segundo a FAO, os oceanos estarão completamente saturados.
Para exemplo vivo das oportunidades de negócio da produção de peixes de aquicultura temos o nosso país vizinho, Espanha, que apresenta resultados bastante expressivos: uma produção anual total (todas as espécies) de produção aquícola aproximada de 165.312 toneladas.
Só nesta região, a distribuição da produção por grupos de espécies de aquicultura marinha é feita por 92,7% de peixes, 5,26% de produção de moluscos, 2,03% de crustáceos e 0,02% de algas.
Andaluzia, a zona de cultivos
A Andaluzia é, por excelência, a comunidade onde se produz o maior número de espécies aquícolas em Espanha, com um valor total de produção de 7.463.389 Kg, em 2009, de peixes, crustáceos, moluscos e algas.
As espécies de peixes mais produzidas são a dorada e o robalo com 3.837.389 kg e 2.669.275 kg respectivamente.
Respeitante ao emprego, existem neste momento na regiaõ da Andaluzia 654 empregos directos no sector, sendo que 57%, 372 pessoas, corresponde a operários especializados, 23% não especializados, 8% aos técnicos, 5% não assalariados e 4% correspondente aos administrativos.
O volume de emprego na Andaluzia pode ascender aos 460 postos de emprego directo e converter‐se em 1380 postos de trabalho indirecto entre trabalhadores administrativos e trabalhadores de empresas auxiliares (transporte, saneamento, mecânica naval, construção naval, etc). Prevê-se num futuro breve que mais de 4000 pessoas trabalhem no sector aquícola andaluz.
Pescado de Estero, peixe natural
A aquicultura desperta grande interesse em várias partes do Mundo, e os aquicultores andaluzes lançaram no mercado um produto de grande prestígio, o Pescado de Estero, peixe criado em viveiro proveniente das instalações da zona do litoral Sul‐Atlântico da Península Ibérica, isto é, Sevilha, Cádiz e Huelva.
O Pescado de Estero, que elegeu o mercado português para se promover, caracteriza‐se pela sua grande qualidade e pelo seu excelente sabor, características que lhe são atribuídas por este ter sido criado num espaço natural único, dando-lhe a oportunidade de complementar a sua alimentação com o que o próprio meio lhe proporciona.
São as suas qualidades que o distinguem do peixe criado no mar: a sua produção natural. O alimento que recebem é complementado por pequenos crustáceos que habitam no próprio esteiro; a sua zona de produção, que se caracteriza por ser praticamente virgem e em grandes extensões de salinas que dispõem de água de grande qualidade; e as baixas densidades de produção, que permitem que o peixe disponha de um espaço amplo para se mover em liberdade. Este peixe destaca-se também por ser natural e representar máxima frescura,
qualidade, estabilidade de preços e um tamanho uniforme.
O Pescado de Estero, que conta com o apoio da Extenda – Agência Andaluza de Promoção Externa e pertencente à Organização de Produtores de Piscicultura Marinha Andaluza (O.P.P. – 56), iniciou agora a promoção da sua marca junto dos distribuidores portugueses. Uma marca que ao penetrar no mercado português, representa uma oportunidade para Portugal, o terceiro maior consumidor de peixe do mundo, mas apenas com uma produção de 8000 toneladas de peixe de aquicultura, tornar o sector mais competitivo. Portugal que ambiciona quintiplicar até 2015 a produção em aquicultura, segundo Luís Vieira, o secretário de Estado
das Pescas e da Agricultura.
A aquicultura extensiva, onde o peixe só come o que a natureza lhe proporciona, a que é praticada pelo Pescado de Estero tem um valor patrimonial e é ecologicamente sustentável.
Para além do peixe aquícola ser considerado por muitos o que “sabe melhor”, a característica mais importante passa por ser produzido de uma forma sustentada.
Sara Mendes
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