É bastante frequente no início da gravidez assistirmos a mudanças bruscas do humor da grávida.
Por vezes, temos medo de ser atropelados por este carrossel a alta velocidade! O segredo está na serenidade com que enfrentamos este novo desafio.
Choro intenso, catástrofe, euforia ou aceleração, pode dever-se na maioria dos casos a factores directamente relacionados com o aumento hormonal, assim como devido às alterações profundas no universo da mulher.
Inicialmente, é o medo constante do desconhecido: Como vai ser? Será saudável? Serei boa mãe? e ele, será um bom pai? As horas extras no emprego, como vou fazer? E as novas contas para pagar?
Tudo isto contribui para um aumento da ansiedade, da agitação interna e do medo, muito medo! Mas à medida que o tempo passa, geralmente após as primeiras doze semanas, as hormonas estabilizam e as respostas às inquietações vão surgindo. E quanto mais naturalmente isto acontecer melhor! Não é necessário reuniões familiares, do tipo plenário familiar para solucionar todas dúvidas. O segredo é o casal ajustar-se de forma objectiva e concreta o que permitirá à grávida securizar as suas angústias e preocupações.
A solução está também nas alterações de vida. Não mude a sua vida toda ao mesmo tempo! É fundamental a mulher sentir-se familiarizada com o ambiente à sua volta, com as mesmas actividades, funções e ocupações, sem sentir que tudo escapa ao seu controlo.
O importante é não esquecer que temos nove meses e é tempo suficiente para desacelerar esta montanha russa e seguir viagem tranquilamente!
Por outro lado, quando tudo isto não passa, aumenta ou altera drasticamente a vida familiar, laboral e até mesmo social, é importante a família procurar ajuda junto do seu médico ou da equipa que acompanha a gestação, pois podemos estar perante um início de depressão. É comum pensar que a depressão apenas surge após o parto. O que nem sempre é verdade. Esta pode surgir meses antes, devido a factores múltiplos tais como, antecedentes pessoais de depressão, luto fetal anterior, morte de amigo ou familiar, ruptura de casal, desemprego, entre outros. Muitas vezes as alterações hormonais desencadeiam ou agravam ainda mais estes factores, pelo que devemos estar muito atentos.
Ana Luísa Sousa
Psicóloga Clínica
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