Realiza-se no próximo dia 12 de Setembro em Cacela Velha (entre a Igreja e a Fortaleza), pelas 19 horas, a conversa “A praga da tradição oral” orientada por Carlos Nogueira e com a presença de habitantes de Monte Gordo, onde a tradição se mantém ainda viva.
Sobre a praga da tradição oral
Deveremos bendizer ou maldizer a “praga”, esse texto que toda a gente diz, mesmo que não o admita? Deveremos cultivá-la ou evitá-la? Talvez se deva começar por olhar para a “praga” sem preconceitos; se o fizermos, estaremos a olhar para nós e a compreender-nos melhor.
A “praga”, tal como a conhecemos hoje, é sobretudo um texto que cada um diz de si para si. Costumamos ver na “praga” apenas ressentimento e má-fé, maldade; mas a “praga”, enquanto texto que visa destruir alguém ou alguma entidade, também pacifica e evita equívocos e males maiores.
A “praga” é, ou pode ser, um texto de conhecimento do eu e do outro.
Exemplos de pragas recolhidas em Monte Gordo e na Fuzeta por Luciano Rodrigues (in Revista da ADIPACNA, nº3, 1981)
. Permita Deus que fiques tão magro, tão magro, que possas passar pelo fundo de uma agulha de braços abertos.
. Havia ela de apanhar tanto sol que até se derretesse e fosse preciso apanhá-la às colheres como à banha.
. Não sabia nascer-te um treçolho tão grande, tão grande, que até encobrisse o sol!
. Permita Deus que tenhas de andar tanto que gastes os pés e as pernas até à cintura.
A conversa integra-se no Ciclo “Palavras sobre a ria”. Palavras sobre a ria: como no tempo em que as pessoas se juntavam na rua, vagarosamente, para falar das coisas do mundo… É isso que procuramos recuperar: conversas que juntem memórias e reflexões sobre o futuro, sobre o que perdemos e ganhámos, sobre o que nunca será possível perder por um dia nos ter pertencido.
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