Não há “outros”. Somos todos os mesmos, portugueses, legais na maior parte dos casos e por acaso, vivemos em casas. Precisamos de casas. Embora por vezes pareça que não precisemos de ser pessoas, deveríamos sê-lo. E era muito melhor que precisássemos de ser pessoas. Eu tenho pena disto. De não sermos pessoas. Tenho pena que pessoas, famílias que pagam impostos tal e qual outras pessoas, não tenham direito às casas que pagam e tenham de suportar o tratamento de não-pessoa. Porque há quem nunca tenha assentado pé em nenhuma das Ilhas e atue, tratando estas pessoas suas iguais, como se não interessassem. E há quem opine que não são iguais. Informação: são.
Tenho pena disto: que pessoas achem bem que a Sociedade Pólis (que está extinta e sem autoridade legal e isso sim, é ilegal) entre casa adentro de pessoas e retire os bens, para depois as máquinas trabalharem no resto.
Lamento profundamente que isto seja feito assim, de modo não dar tempo aos recursos em tribunal, porque qualquer tribunal dará razão… às pessoas e não à Pólis S.A. (sim, S.A., sociedade anónima, é isso mesmo…) enquanto há esgotos a céu aberto em pleno Parque Natural (sim, isso mesmo! Não são dos “outros”!)
É triste que as pessoas deixem de ser pessoas e achem isto bem. Não é bem achar bem que se atirem casas de outras pessoas pessoas abaixo. Não há desculpa possível para tamanha crueldade. Mas estão loucos? Este mal de pouca humanidade e esta fome de entulho… e este enjoo ao conhecimento… embrulhado em sentimentos feios e sem razão…
Primeiras habitações e segundas habitações? Têm-se ouvido? E se pega moda o abaixo as segundas e terceiras televisões também? Está tudo maluco?
É necessária humanidade. E por isso há gente a gritar de todos os quadrantes: “isto não é assim!” – não é mesmo assim.
Esta é a minha opinião. Não tenho casa na Ilha de Faro. Sou um ser humano normal, cheia de defeitos… principalmente o defeito da teimosia e acho aberrante a desumanização da sociedade tecnológica em que vivemos. Ora não quer saber, ora fala sem querer saber, ora reclama sem saber porquê – talvez, penso eu, para confirmar a própria existência no mundo. No direito à habitação, recuso-me a ir sem luta.