Um Algarve 4P’s – Petróleo, Praia, Pequenez e Papas

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praia de_faro6O que estão a fazer nas ilhas barreira, na nossa Ria Formosa, nem está certo, nem é legal. Não é coisa de seres humanos. Não é inteligente. O zum-zum de apoio às demolições vem, na maior parte dos casos, de pessoas que nunca puseram um pé numa ilha barreira da Ria Formosa. Parte de pessoas que pensa que está a falar de índios (os índios eram os originais lá dos sítios, logo, sim se calhar até são índios) e de gente que pensa “nós” e “os outros”, ou que simplesmente, nem pensa, segue a corrente, porque pensar cansa. Ainda assim, pessoas.

Uns e uns – não há “outros”, somos todos iguais debaixo deste Sol, essa é a verdade – vivemos como se num país de canto, dos fundos, uma espécie de quarto de hóspedes, que se esquece de ser grande quando lhe inculcam a pequenez em idade tenra. Sim, junto com o ABCD e com as papas… mas não lhes ensina a querer saber mais que aquilo, porque continua a não dar jeito.

Assim, sabe-se do Algarve pela visita a Albufeira, Vilamoura… e pensa-se que é assim o Algarve. E que todos no Algarve vivem com vista mar e bocha na praia. O Algarve não vive nas festas de Verão o ano todo. O Algarve é muitas coisas diferentes. Os hotéis e restaurantes de luxo pertencem a grupos internacionais. Aqui há médias e pequenas empresas, pouca agricultura e cada vez mais escassa pesca. E turismo, três meses por ano e alguns fins de semana. Mas é grande porque tem a sua cultura, dentro de pequenas culturas. E tem pessoas. E recursos naturais fantásticos, senão não havia turismo… nem vontade, nem hospitalidade, nem tradição ou experiência cultural visitável.

E agora, a juntar a esses recursos parece que há petróleo e gás natural para explorar! Quer dizer: as casas das pessoas “prejudicam a Ria Formosa”. Uma plataforma de exploração de petróleo, ou gás natural, ou ambas, não longe da costa, não carece de estudo ambiental. E se o há está escondido. Estão a vender-nos a todos. Não aos outros. A nós. Todos. Mais perigoso que o glúten, que agora é moda evitar nos alimentos, como se fossemos crianças de berço, são as ideias de pequenez que nos servem com as papas, quando estamos de goela aberta de choro. O ABCD não chega e as demolições são atos de terrorismo nas comunidades.

Selma Nunes

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