Foi criado o movimento PALP – Plataforma Algarve Livre de Petróleo, uma união de esforços de várias entidades e cidadãos. Vai haver uma marcha-corrida-kayakada contra a exploração de petróleo no dia 28 de Junho, Domingo, na Praia de Faro. A Kaikada é a partir das 14h30, a Marcha a partir das 16h00 e convidam a que se traga comidas para partilhar. Fora isso, um redondo, profundo, pesado, brutal… silêncio. Nem uma única das habituais gaivotas ralhetas paira gritando sobre as nossas águas calmas. Os patos nem grasnam e os colhereiros, espécie bastante interessante na nossa Ria, com os seus bicos em forma de colher de pau, parecem ter feito “blackout” sobre o assunto.
O mar está chão de tal forma, que até parece que nada vai acontecer. Muges, sargos, sarguetes, douradas, em toda uma extensão de 60km de Ria Formosa, tudo de boquinha estranhamente amarrada. Das praias com rochas e arribas, apenas um vento silencioso ulula nos buracos cavernosos, por onde já andam a passear barcos de turistas. Nem mosquitos, nem mouras encantadas, apenas o ar quente do nosso tempo claro e o nosso próprio ar ameno e mediterrânico.
Vão explorar hidrocarbonetos na nossa costa. Começarão a perfurar já este ano. Não há uma única associação de pendor ambientalista que diga que isto é bom para o Algarve. Parece que está tudo de olhos postos no céu para não ver o que está a frente do nariz. O que está à frente do nariz não cheira nada bem. É enxofre. Enxofre, porque segundo a PALP, perfurações numa região sísmica não é boa ideia, se essa região for dependente do turismo, dependente de pescas, essa exploração é capaz de não ser a melhor das ideias. E não me parece que vá dar empregos a ninguém, logo isso nem serve de desculpa para nada.
Acabo de escrever esta crónica e continuo a ouvir coisa nenhuma. Este silêncio…
Selma Nunes