Isto das toxinas não é novidade. O que parece ser estranho é que os laboratórios que fazem essas análises indiquem valores contraditórios a tal ponto que a Câmara Municipal de Vila Real de Santo António peça explicações.
Estas decisões afetam famílias inteiras que dependem destes bivalves para subsistir. Havendo realmente toxinas em níveis impróprios ao consumo humano há que proteger os consumidores, sem dúvida nenhuma. A análise da água e o controlo é a única maneira de o fazer.
Quando esta biotoxina (que está sempre lá) atinge expoentes acima do limite fixado, são feitas interdições de apanha e captura (totais ou parciais) aos mariscos afetados, nas zonas de produção vigentes.
O que me coloca aqui a escrever sobre este assunto, não sendo de maneira nenhuma bióloga marinha, é isto: está a acontecer muitas vezes ao ano. Veja-se no site do IPMA. Nos arquivos dos anos anteriores. A proliferação destas biotoxinas não estará relacionada com a poluição da Ria Formosa, com descargas ilegais, com um não querer saber impiedoso, porque só se quer saber de botar abaixo? A poluição não estará a ajudar estas biotoxinas a desenvolver-se em maior quantidade e mais vezes, provocando desequilíbrios?
Além da intoxicação, há também o problema da mortalidade das espécies. Parece que as estações de tratamento não são suficientes e que este funcionamento débil pode estar a alterar a salinidade da água, provocando a morte dos bivalves e prejudicando a economia da região. Isto é muito grave.
Meus amigos algarvios, cujos pés já andam descalços à beira mar, como os meus, deixo-vos com um verdadeiro motivo de preocupação ambiental. Destruir as casas dos ilhéus vai mudar zero na qualidade das águas da Ria Formosa e na preservação das suas espécies. Este braço de ferro tem de acabar, para o real benefício da Ria Formosa e não para apresentar um serviço parecido ao prestado na Praia da D. Ana, em Lagos. Descaracterizaram-na. Pela foto, parece-me que conseguiram transformar uma das nossas mais belas praias numa bolacha, sem desprimor para as bolachas, mas não parece certo.
Selma Nunes