O que me incomoda verdadeiramente é o arrastamento (já típico) dos problemas do costume. A Estrada Nacional 125 continua aborrecida. A entrada de Faro ainda é infernal. As casas dos ilhéus continuam em risco. O lixo acumula-se nas bermas e quase não há transportes públicos ao fim de semana. E ninguém quer saber, parece. O que importa é publicar artigos de que somos um destino atrativo. Se somos, caramba, somos sim! Contudo, tenho a certeza de que podemos ir para além disso.
Tudo bem! Estará sol! Cá estaremos nós com este ar meio hospitaleiro, meio desconfiado para receber a enchente que este ano não vai para o Brasil por causa dos mosquitos, que não vai para arábias por causa das pós-primaveras. Que me desculpem os modos frios, mas é disto que se trata.
Daqui a nada temos os políticos a banhos (e nem quero imaginar a quantidade de vezes que veremos o mais alto dignatário português em calções de banho – mas provavelmente mais vezes do que qualquer português deveria ter de suportar e a culpa não é dele). Depois as festas das localidades. As televisões com reportagens leves e um não-querer-saber-geral porque um quarto do país estará de férias, metade, desempregado ou precário e o outro quarto é de laranja algarvia espremidinha com horas extra para dar mais sumo, ou estagiário, ou de plano ocupacional, que se não for pago, vai dar no mesmo.
O resto da história já os meus caros leitores sabem: é a aquacultura japonesa, francesa, a tentar sobrepor-se à pesca tradicional, uma prospeção de combustíveis fósseis com a qual ninguém concorda e muito festival de sardinha (vinda de onde?), cheio de mouras encantadas e festas iguais em todos os concelhos, para que a galinhas da vizinha e as minhas sejam iguais, sempre.
Quem quiser omeletes no Algarve vai ter de as fazer sem os ditos. As galinhas estarão nos eventos todos e não terão tempo de os pôr. Ou de mandar pôr. Ao dispor.
Selma Nunes