Após as copo-fónicas folias da época, cá andamos nós, algarvios, uns mais bronzeados que outros, com um campeonato europeu de futebol no bolso das boas memórias, acompanhado por festas e feiras de medievalidade, mediterraneidade, celticidade, islamicidade e modernidade, todas elas muito gastronómicas, com muitas “selfies”, sorrisos e fotos de grupo tiradas em “sunset” com o mar ao fundo.
Está na hora de tirar as mãos dos bolsos e observar as nossas casinhas a cal branca. Daquelas com quintal e figueira no meio. Ou romãzeira. Porque mesmo que se viva em apartamento há uma dessas em nosso coração algarvio. Com açoteia, ou telhado de quatro águas, fica à escolha ou à necessidade. A platibanda é obrigatória. Cozinhemos o Outono.
Depois de tirarmos as mãos dos bolsos para aplaudir os prémios de excelência turística, muitos dos quais têm como prato principal o trabalho estagiário e temporário (ou ambos), cruzemo-las pelos cotovelos, à altura do peito, em protesto. Estamos quase sós na região outra vez. Cozinhemos, então.
Banho-maria: Morre-se na estrada mais perigosa de Portugal. A Estrada Nacional 125 está de obras paradas por calote.
Fumar: Arderam 4405 hectares nos incêndios que decorreram entre três e oito de Setembro.
Lustrar: Diz que o Município de Vila Real de Santo António tem um buraco orçamental brilhante, mais vistoso que os buracos das estradas municipais algarvias. Assim… como um holofote.
Amanhar: Continuam a insistir nisso de esventrar a região em busca de combustíveis fósseis…
Aromatizar: Há muito perfume político no ar. Mas para já, é só perfume.
Apurar: Há que começar a apurar responsabilidades. Não podemos ser relegados para segundo plano, somos gente e não existimos apenas de verão.
Empratar: A crónica está empratada. O verão foi servido.
Mise-en-place: Arrume-se, areje-se e volte-se à carga, se possível. A Proteção Civil já avisou que pode haver molho nas primeiras chuvas. Há que desentupir antes.
Selma Nunes