Uns picavam gelo para as terras altas, outros batiam ventos para algumas zonas costeiras de relevo, enquanto outras equipas aqueciam os calores dos trópicos e as águas de alguns paraísos equatoriais.
Tudo parecia decorrer com normalidade, até ao momento em que passa num canal noticioso o que acontecia nos Estados Unidos da América e os preparativos para a inauguração do novo Presidente eleito, logo seguido da discussão sobre a descida da TSU.
Um dos cozinheiros, sobejamente conhecido pelas suas tempestuosidades relampejantes “à la carte”, trabalhava com afinco numa sopa de temperaturas amenas cá para o nosso país. Irritou-se com as notícias e partiu o abre-latas em dois numa trovoada política pouco conveniente a uma cozinha daquele gabarito. Ficaram todos a olhar para ele, como se houvesse alerta para raios UV.
Não havia mais nenhum abre-latas. Bem, se havia, ninguém o encontrou. Acorreu de imediato um dos especialistas em tempestades tropicais, cheio daquela paz de espírito de anos de experiência… e começou à martelada com a lata.
O desespero da situação provinha da obrigação milenar de servir o planeta simultaneamente, pelo que o contratempo iria achincalhar q.b. todo o processo meteorológico.
Ora, tanta martelada deram na pobre da lata que esta saltou disparada cozinha fora e foi bater, precisamente, num amontoado de gelos e frios que já estavam preparados para cair algures na Finlândia, embora ainda não devidamente tapados para o transporte. Resultado: a salada amena que era para o nosso país ficou muito mais invernosa que o normal.
Os intervenientes encolheram os ombros e tendo em conta que estavam em contrarrelógio, entregaram tudo mesmo assim. O chefe de cozinha assobiou para o ar e mandou colocar música para aquecer, numa maneira estranha de disfarçar o sucedido.
Foi assim que aconteceu. Agora escusas de andar a perguntar o porquê do frio nas redes sociais. Foi por isso que nevou no nosso Algarve. A culpa é dos políticos. Agasalhem-se e votem sempre…
Selma Nunes