A falta de chuva é visível. Ainda não choveu como deveria e Novembro já vai no fim… é uma realidade e nenhuma pessoa que tenha estado no Algarve este Outono poderá contestar isso. O Verão de São Martinho prolongou-se e não choveu.
O que não é compreensível a olho nu e daí isto originar uma crónica de opinião vinda de mim, que não sou engenheira, nem percebo de barragens, furos, índices e afins, são outros quinhentos e é foi por isso que fiz alguma pesquisa nas notícias sobre o tema. A pesquisa deixou-me um pouco apreensiva.
Começando no panorama nacional, há um gravíssimo problema de seca em algumas regiões do país, tal que muitos municípios já estão a racionar os gastos de água públicos.
No nosso Algarve levantaram-se várias vozes. Historicamente, o acesso à água sempre foi uma luta na nossa região. Podemos não estar cientes disso, mas é a realidade. Já houve também anos em que não choveu como deveria, por exemplo, o ano de 2005. Acontece de quando em vez.
A empresa Águas do Algarve pediu para desdramatizar, pois há água que chegue às nossas torneiras e regadios, mesmo que não chova. Se faltar a Barlavento, há meios para abastecer essas barragens com água de Sotavento e vice-versa.
Por outro lado, existem algumas vozes e reportagens noticiosas dissonantes deste voto de confiança da empresa que nos abastece.
Consta que o nordeste algarvio rural está já com dificuldades de abastecimento proveniente de furos (não é rede que seja abastecida pela Águas do Algarve). Em adição, a Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve (DRAPAlg) fez uma sessão de esclarecimento, pois se não chover será problemático para o cultivo de sequeiro e pecuária.
O “Público” fala em “stress hídrico” e entrevista a bióloga do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), Ana Cardoso. Consta que se preparam para salvar peixes de morrer em seco no Baixo Guadiana.
O mesmo artigo remete-se à investigadora da Universidade do Algarve, Sónia Azambuja, que critica a arquitectura paisagista escolhida para a região, ou seja, os jardins “à inglesa”, que deveriam dar lugar a vegetação autóctone de menor regadio assim como aos campos de golfe.
Não nos podemos esquecer de espreitar as vicissitudes do aumento de consumo de água derivado ao turismo, que duplica a população em época alta.
A minha opinião: é preciso poupar sempre água. É um recurso natural precioso e essencial à vida. Mesmo que não haja seca. Mas, o que gostaria mesmo de ter percebido é se estamos em situação de seca nesta nossa região, ou se estamos a tirar projectos da gaveta. São ambos válidos, ambos importantes, mas eu cá, que percebo pouco, gostaria de perceber mais.
Artigo Citado: in https://www.publico.pt/2017/10/22/local/noticia/a-seca-chegou-ao-algarve-o-baixoguadiana-ficou-sob-stress-hidrico-e-o-peixe-esta-quase-a-nadar-em-seco-nas-ribeiras-1789539, Idálio Revez, 22-10-2017Selma Nunes