Faleceu esta terça-feira, 17 de julho, com 67 anos, o médico e dirigente do Bloco de Esquerda – João Semedo, ao fim de alguns anos de batalha contra o cancro.
Filho de um engenheiro militante comunista e de uma professora, João Semedo cresceu num ambiente familiar em que se discutia abertamente o estado do país e o descontentamento face ao regime de Salazar e Caetano.
A adesão ao PCP dá-se em 1972, através da União de Estudantes Comunistas, cuja Comissão Central integrou, participando em atividades de agitação e propaganda e também no apoio aos funcionários clandestinos. Foi eleito para a direção da Associação de Estudantes e chegou a ser preso em 1973 quando distribuía panfletos a exigir eleições livres. Acabou por passar duas semanas preso em Caxias, recusando-se a assinar o documento elaborado pela PIDE a confessar atividades subversivas e a comprometer-se a abandoná-las.
Estava definida a sua grande coragem e resistência política e ideológica.
Em 2003, funda com outros ex-dirigentes do PCP o Movimento da Renovação Comunista, com vista a dar continuidade aos debates e reflexões iniciados anos antes no interior do partido. No ano seguinte, aceita o convite de Miguel Portas para integrar como independente as listas do Bloco para o Parlamento Europeu.
A aproximação ao Bloco de Esquerda prosseguiu com a participação de João Semedo nas listas às legislativas pelo Porto e acaba por se tornar deputado em março de 2006.
Adere ao Bloco em 2007 e protagonizou candidaturas autárquicas em Gondomar (enquanto independente em 2005), Gaia (2009) e Lisboa (2013).
Foi parlamentar durante três legislaturas, até renunciar ao mandato por motivos de saúde em março de 2015. Ao longo de nove anos de atividade parlamentar, assumiu a coordenação dos temas relacionados com a política de saúde — foi vice-presidente dessa comissão parlamentar.
Para João Semedo, foi um ano de luta contra o cancro que lhe tirou as cordas vocais, mas não lhe tirou a vontade de intervir politicamente “Tive a vida que escolhi, a vida que quis, não tenho nada de que me arrependa …”. Assumiu o combate pelo direito a morrer com dignidade, que já tinha protagonizado na Assembleia da República quando apresentou os projetos de lei que viriam a dar origem à aprovação do Testamento Vital e das mudanças na rede de cuidados paliativos.
O seu último projeto viu morrer ambos os seus progenitores: António Arnault e João Semedo, mas se a memória não nos atraiçoar, o seu legado para os portugueses será sempre a melhor forma de o recordar. “Salvar o SNS – Uma Nova Lei de Bases da Saúde”.
A Assembleia Municipal de Loulé, reunida em sessão extraordinária realizada em Boliqueime no dia 17/7/18, delibera aprovar:
. Um Voto de Pesar e um minuto de silêncio pelo falecimento de João Semedo, médico e dirigente do partido Bloco de Esquerda;
. Endereçar o seu profundo pesar à família e ao partido Bloco de Esquerda.
Fonte: BE GM de Loulé