“No Algarve estamos obrigatoriamente condenados ao transporte próprio”, “não temos efetiva alternativa que não seja o nosso próprio carro”. Foi com estas palavras que Francisco Martins fez a sua intervenção no Lisbon Mobi Summit, que decorreu na capital portuguesa nos passados dias 13 e 14 de setembro e que contou com a presença de especialistas de renome nacional e estrangeiro na abordagem de temas como a mobilidade urbana e os desafios que se colocam às cidades.
“Muito do que ouvi aqui é para a realidade de Lisboa”, disse o autarca. “Acontece que quando vão ao Algarve no verão, as pessoas que moram na capital vão encontrar uma realidade diferente.” E se, em Lisboa, o transporte público é uma alternativa amiga do ambiente e da economia familiar, esse transforma-se num panorama-miragem se estivermos a falar do extremo sul do país. “O Algarve tem, de Sagres e Vila Real de Santo António, sensivelmente 160 quilómetros. Se quiser deslocar-me entre o eixo económico principal da região, situado entre Portimão e Faro para percorrer os 60 quilómetros que distam entre si, de comboio ou de autocarro, isso tomar-me-á duas horas; de carro, pela EN 125, hora e meia”. Estes são, para o autarca, “constrangimentos” decorrentes “de um desinvestimento que foi feito ao longo de muitos e muitos anos”.
“Ainda estamos muito longe da realidade de que estamos aqui a falar”, referiu ainda Francisco Martins, recordando o projeto MOBI.E, uma rede de carregamento inteligente existente em algumas cidades piloto e que utiliza energia elétrica proveniente essencialmente de fontes renováveis para o abastecimento de veículos elétricos em qualquer ponto da rede nacional. “O projeto começou com a intenção de ter dois carregadores por concelho, depois passou para um e hoje não há nenhum”. Francisco Martins apela por isso à classe política que olhe para resto do mapa no que toca ao tema da mobilidade.
O edil mencionou ainda a importância de um maior investimento nesta área numa região que, para além de acolher dois milhões de pessoas no verão (superando largamente o seu número de habitantes: os 450 mil), “faz fronteira com Espanha, o que lhe garante uma proximidade extraordinária com a Andaluzia.” E este é, para o autarca, um ponto atrativo para “empresas que estão á procura do seu cliente” e que poderão passar a encarar o Algarve “como um importante fator de investimento”.
Francisco Martins fez a sua intervenção num workshop com Nuno Piteira Lopes, vereador da Câmara Municipal de Cascais; João Paulo Gouveia, vereador da Câmara Municipal de Viseu; e Pedro Silva, diretor para a Mobilidade Elétrica da empresa EFACEC.
A Lisboa Mobi Summit trouxe a Lisboa especialistas como Martin Hofman, responsável pela tecnologia de informação do grupo Volkswagen; Paulo Humanes, gestor do PTV Group; ou ainda de Andrew McKellar, secretário-geral para a Mobilidade da Federação Internacional do Automóvel. Estiveram igualmente presentes o ministro belga para a Mobilidade, Pascal Smet; o cofundador da Paris Process on Mobility and Climate – PPMC, Patrick Oliva; Markus Bischof, responsável da segurança europeia da Cisco Systems GmbH e Mark Preston, da Formula E Team.
Os dois dias desta conferência internacional contaram ainda com as intervenções do ministro do Ambiente, João Matos Fernandes; do ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques e do secretário de Estado adjunto e do Ambiente, José Gomes Mendes, entre outros agentes políticos e económicos.
Fonte: GC do Mun Lagoa(Algarve)