No próximo dia 15 de outubro, segunda-feira, pelas 16h00, o Museu Municipal de Loulé recebe o espetáculo teatral “A carta da corcunda para o serralheiro” cujo texto é da autoria de Maria José, a única personalidade literária feminina de Fernando Pessoa. Esta iniciativa será dinamizada pela Associação Partilha Alternativa e visa assinalar mais um aniversário de Álvaro de Campos.
Álvaro de Campos nasceu em Tavira no dia 15 de outubro de 1890, à 1.30 da tarde. Teve uma educação de Liceu comum qualificada de vulgar pelo próprio Fernando Pessoa. Posteriormente foi para a Escócia estudar engenharia, primeiro mecânica, e depois naval. Realizou uma viagem ao Oriente, registada no seu poema “Opiário”, e trabalhou em Londres, Barro won Furness e Newcastle upon Tyne (1922). Desempregado, teria voltado para Lisboa em 1926, mergulhando então num pessimismo decadentista. O poema “Tabacaria”, de 1928, foi uma das criações de Álvaro de Campos.
Fernando Pessoa, fez uma biografia para cada um dos seus heterónimos e declarou assim que Álvaro de Campos: “Era um engenheiro de educação inglesa e origem portuguesa, mas sempre com a sensação de ser um estrangeiro em qualquer parte do mundo”.
Entre todos os heterónimos, Álvaro de Campos foi o único a manifestar fases poéticas diferentes ao longo da sua obra. Começa a sua trajetória como um decadentista (influenciado pelo Simbolismo), mas logo adere ao Futurismo: é a chamada Fase Sensacionista, em que produz, com um estilo assemelhado ao de Walt Whitman (a quem dedicou um poema, a “Saudação a Walt Whitman”), uma série de poemas de exaltação do Mundo moderno, do progresso técnico e científico, da evolução e industrialização da Humanidade. É muito influenciado por Marinetti, um dos nomes cimeiros do Futurismo neste período. Após uma série de desilusões com a existência, assume uma veia niilista ou intimismo: é conhecida como Fase Abúlica, e assemelha-se muito, sobretudo nas temáticas abordadas, à obra do Pessoa ortónimo: a desilusão com o Mundo em que vive, a tristeza, o cansaço, leva-o a refletir, de modo assaz saudosista, sobre a sua infância.
Este evento é de entrada livre.
Fonte: GAP da CM Loulé