Às vezes, as vezes que pensamos não são vezes suficientes e esquecemos. Às vezes, nem pensamos. Por vezes pensamos que nos lembraremos e perdemos. Muitas vezes, apontamos o que não queremos esquecer e esquecemos o papel. Outras vezes nunca apontamos e parece que nos fica colado à pele.
E por vezes quase que nos damos, sem nos oferecermos. E às vezes damos tudo, sem nos perdemos. E há também as vezes que nos perdemos, e as vezes que nos encontramos e as vezes que nos queremos perder e que ao esquecer, sem querer, ou de propósito, nos transformamos.
Demasiadas vezes o cérebro dá um nó de idas e voltas e nem sabemos em que dia estamos. O cansaço pelas vezes que vamos troca-nos as voltas soltas do pensamento e nem de um nome nos lembramos. Outras vezes, a memória volta com cores e cheiros e nem sabemos o motivo, mas aceitamos.
E depois, para curar o stress, porque com este lufa-lufa todo, já se merece, insistimos em alterar a situação geográfica, para que a memória de sermos gente regresse. E assim posto, foi inventado o Agosto, rumamos a banhos para o litoral.
Visto que está toda a gente igual, esquecida e lembrada, partida, encontrada, descabelada, o stress permanece. Em coro, reclamamos da ida, da querida, da vista, da malquista, da fila, da filha, do milho, da pilha, da net, dos sete, do set, do jet set, do calor, da dor, do amor, da tempura, da uva madura, do trânsito sem cura e nem a praia nos salva, nem o chá de malva, nada nos completa, pois assim não há quem grame, nem com fotos no instagram, ou sorrisos de webcam.
Chamam-lhe silly season. Silly não é. Não há reason para ser silly se nem um sorriso se vê. Sorriso não é coisa que se esqueça e ilumina o rosto. A Gronelândia está a derreter e nem um silvo, contudo, de férias… e stress-agressivo. Isso não é silly: é parvoíce. Passar férias de mau humor é uma chatice.
Selma Nunes