“O Parquímetro” Parte II – A Má Sequela

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Parquimetro

O regresso dos parquímetros a ocupar todo o núcleo da cidade de Faro e arredores faz lembrar um daqueles filmes maus, nos quais é preciso meter uma boa equipa de marketing a dizer que é bom e a coisa ainda dá direito a sequela, faz dinheiro na bilheteira, mas toda a gente que assiste, sente-se roubada no preço do bilhete aos primeiros quinze minutos.

A sequela: «O Parquímetro II» tem uma nova direcção, mas é mais do mesmo. Vamos por partes com direito às atenuantes que foram proferidas uma e outra vez a ver se isto faz algum sentido.

Na introdução falava-se de permitir uma maior rotatividade nos poucos lugares disponíveis na cidade, o que facilitaria a afluência ao comércio local. Ora, o estacionamento no Fórum Algarve não é limitado, nem pago. A ideia é manter as pessoas por lá a consumir… não o contrário. Nada contra as actividades e festas mantidas na baixa para criar hábitos na população, mas é bem provável que no Inverno, as pessoas fujam para o centro comercial, mesmo durante a noite. “Maior atractividade para potenciais clientes” parece-me uma promessa oca.

Pode colocar-se a questão do desincentivo da utilização da viatura própria na cidade, por ser mais saudável, por ser mais ecológico, mas teria de haver um estudo sério (e provavelmente surpreendente) sobre de onde se deslocam as pessoas que trabalham todos os dias em Faro. Claro está que é possível falar de transportes públicos, mas tendo em conta que os mesmos não têm horários para servir as pessoas que necessitam de deslocar-se, vai dar no mesmo.

Existem parques gratuitos na cidade, sendo o Largo de São Francisco o maior, com 950 lugares. Muitos desses lugares têm o chão tão levantado que apenas serve os condutores de veículos todo o terreno. O Largo de São Francisco não está sempre aberto: é encerrado por longas temporadas para festas e eventos.

Em campanha autárquica, o agora Presidente em funções, admitia estudar as zonas de parqueamento pago, deixar expirar os contractos com as empresas privadas, para municipalizar e modernizar a gestão, repensando os preços, de modo a não fazer impacto às famílias, mas também evitando o estacionamento por longos períodos de tempo.

Contractos expirados, parqueamento pago municipalizado para a Ambifaro, para que esta possa fazer face à dívida do Mercado Municipal. As zonas são as mesmas e os preços são os mesmos.

Alguém que estacione na zona A para ir trabalhar paga oitenta cêntimos por hora. Terá de sair do trabalho de três em três horas para recolocar moedas, pois não há mais estacionamento. Em oito horas pagará 6,40€. Em 22 dias úteis de trabalho serão 140,80€, ou metade, se na zona B (70.40€).

Se esta prática não vai ao bolso das famílias e se não é um abuso, eu sou a Mãe Natal. Se houvesse transportes públicos que servissem as populações algarvias, se houvesse estacionamento gratuito e hipótese de escolher, se não deixasse os comércios e serviços às moscas, se tivesse algum cariz ambiental, talvez fosse uma boa medida. Assim, resta-me escrever que nem toda a gente se pode deslocar de trotinete. Esta sequela não é uma medida urbanística e disciplinadora: é mais uma decisão puramente económica que vem ao bolso de quem precisa de ir ao centro de Faro. Quem não precisa, vai para outro lado, ou ao Fórum Algarve.

Selma NunesParquimetro

 

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