O primeiro estudo sobre o Alojamento Local (AL) no Algarve, um trabalho promovido pela AHRESP – Associação da Hotelaria, Restauração e Similares, no âmbito do seu programa QUALITY – Valorização e Qualificação do AL, foi apresentado, na passada quinta-feira, 5 de dezembro, no Auditório Municipal de Albufeira, aos empresários do setor.
O estudo revela que no Algarve existem 32 405 unidades de alojamento local, sendo que entre o 2º semestre de 2018 e o 1º de 2019 abriram 5 752 AL na região. A atividade emprega cerca de 20 mil pessoas e gera um volume de negócios de 980 milhões de euros por ano.
A sessão de abertura da apresentação do estudo da AHRESP, intitulado “Qual o Impacto do Alojamento Local na Região do Algarve?” contou com as intervenções do presidente da Câmara Municipal de Albufeira, José Carlos Rolo, Ana Blanco, Diretora do Turismo de Portugal, João Fernandes, presidente da RTA e Ana Jacinto, Secretária Geral da AHRESP.
José Carlos Rolo felicitou a AHRESP pela iniciativa de promover um estudo, “bastante atualizado e essencial para perceber a dinâmica e o impacto do Alojamento Local (AL) na região”, tendo sublinhado “que é fundamental que o estudo não seja apenas mais um trabalho académico, mas que sirva para que os empresários e os decisores políticos possam daqui retirar ilações que os ajudem a tomar as decisões mais acertadas no futuro”. O autarca aproveitou, também, para agradecer à associação ter escolhido Albufeira para apresentar o trabalho, “uma vez que somos um dos concelhos do País com maior número de alojamentos locais registados e o primeiro na região”.
No Algarve existem 32. 405 AL listados no Registo Nacional de Alojamento Local (RNAL), dos quais mais de 50% estão concentrados só nos concelhos de Albufeira (7 361), Loulé (5 033) e Portimão (4 319).
Refira-se que o estudo, realizado pelo ISCTE, entre julho de 2018 e junho de 2019, teve por objetivo fazer a caracterização aprofundada da realidade do AL no Algarve em três vertentes: proprietários, alojamentos e hóspedes. A amostra abrangeu 2 947 unidades de AL e contou com um total de 233 proprietários que se disponibilizaram a responder aos inquéritos.
No que diz respeito à tipologia da oferta na região, 77% são apartamentos, 32,3% moradias, 1,3% estabelecimentos de hospedagem, 0,3% hostels e 0,1% quartos. A gestão encontra-se bastante fragmentada com 57,3% dos proprietários a gerir apenas 1 unidade, sendo que a maioria dos proprietários (66,1%) exercem a sua atividade como pessoa coletiva e gerem 88,1% dos alojamentos.
As taxas de ocupação média anuais são bastante positivas, com 68,8% dos alojamentos com taxas superiores a 50%.
Refira-se, que de acordo com os dados apresentados, o mercado de AL gerou um volume de negócios de 981,5 milhões de euros por ano (gastos diretos dos turistas nas unidades de alojamento), o que equivale a 19% do PIB da região, tendo o Estado arrecadado cerca de 160 milhões de euros. A este valor há que somar o impacto indireto do AL (despesas dos visitantes em alimentação, lazer, deslocações, compras, entre outras) e os benefícios induzidos pela atividade (via efeito multiplicador da economia nos setores a montante), o que gera um impacto total de 4. 876 milhões de euros.
A atividade envolve cerca de 20 mil empregos diretos e 46 mil indiretos, num total de 66 mil empregos, o que é bastante benéfico para a região.
Relativamente ao retorno do investimento – que no caso do Algarve tem um prazo médio de 6,5 anos – 69,6% dos empresários referem que foram cumpridas as suas expectativas e 23,5% afirma que as mesmas foram superadas, o que leva a que a quase totalidade queira continuar no setor.
Entre os vários desafios que se colocam foram referidos como mais importantes o problema da sazonalidade (77,6%), carga fiscal (48%) e as questões legais e licenciamentos (43,3%).
Adolfo Mesquita Nunes, ex-secretário de Estado do Turismo, foi convidado para comentar o estudo, tendo sublinhado que perante os dados bastante positivos do setor tem alguma dificuldade em entender a razão de tanta resistência ao Alojamento Local.
O presidente da Delegação do Algarve da AHRESP, Cristóvão Lopes, procedeu ao encerramento dos trabalhos, aproveitando para informar que o estudo irá estar disponível para consulta no portal da associação.
Fonte: GRP da CM Albufeira