De 15 a 18 de janeiro, o Auditório do Solar da Música Nova recebe a 6ª edição da MONSTRARE – Mostra Internacional de Cinema Social, evento que, através da sétima arte, pretende trazer ao público algumas das mais prementes problemáticas sociais da atualidade como é o caso da crise dos refugiados ou a doença mental. Para além da apresentação de filmes, está previsto o debate com a presença de realizadores e figuras ligadas ao cinema, bem como um workshop na área audiovisual.
O dia inaugural, 15 de janeiro, é o Short Films Day, dedicado à projeção de três “curtas”: “No limiar do pensamento”, de António Sequeira, “Egeu”, de Tómas Barão da Cunha e Raúl Fretes, e “Direito à Memória”, de Rúben Sevivas. As apresentações acontecem a partir das 21h00.
“No limiar do pensamento” aborda a questão da doença mental. Quando Dinis é diagnosticado com esquizofrenia, antes de entrar para a universidade, a sua mãe tem de cuidar dele e garantir a sua segurança, mas ao mesmo tempo permitir que ele consiga ter uma vida normal como os outros adolescentes. Esta história será contada pelo ponto de vista da mãe, uma enfermeira habituada a cuidar de outras pessoas, mas que se vê com dificuldades e obstáculos para cuidar do próprio filho, explorando assim este lado vulnerável de um cuidador, raramente explorado no cinema.
“Direito À Memória” traz-nos uma das figuras marcantes de oposição ao Estado Novo. No dia 22 de 1958, o General Humberto Delgado proferiu o celebre discurso com que encerrou o comício de chaves, no Cine-Parque. A PIDE destruiu os registos de voz do General, depois da campanha eleitoral, exceto este. A gravação sobreviveu por ter sido enterrada num quintal durante vários anos. O discurso resistiu ao tempo, o Cine-Parque não…
Na costa do Egeu, a crise dos refugiados cresce a cada dia que passa. Por terra e por mar, centenas de refugiados chegam sem qualquer vista para o futuro. Entre Atenas e Salónica, entre a Grécia e o mundo, três caminhos distintos que se cruzam num refúgio na costa do Egeu. “Egeu” aborda, assim, uma temática atual, a crise dos refugiados.
O aclamado crítico de cinema, curador do Cinema MED, Rui Tendinha, estará presente, assim como um dos formadores do workshop que integra este programa, o realizador Diogo Simão.
Na quinta-feira, dia 16, pelas 21h00, vai estar em destaque a longa-metragem “Carga”, de Bruno Gascon. Viktoriya (Michalina Olszanska) é uma jovem russa que sonha com um futuro melhor. António (Vítor Norte) é um camionista português a enfrentar graves dificuldades financeiras e que apenas deseja sustentar a família. Os seus caminhos vão cruzar-se quando ele é contratado para fazer o transporte de um grupo de imigrantes ilegais. Mas o que António acaba por descobrir mais tarde é que, ao aceitar aquele trabalho, acabou por, involuntariamente, entrar num perigoso esquema de tráfico de seres humanos.
Rodado em Belmonte, Fundão, Covilhã e Castelo Branco, trata-se de uma história dramática sobre os meandros da exploração sexual e escravidão que marca a estreia na realização em longa-metragem de Bruno Gascon. Para além de Olszanska e Norte nos papéis principais, o filme inclui ainda Rita Blanco, Miguel Borges, Ana Cristina Oliveira, Dmitry Bogomolov, Duarte Grilo e a modelo internacional Sara Sampaio. O realizador estará presente nesta sessão.
Também Berrnardo Lopes marcará presença no Auditório do Solar da Música Nova, no dia 17, pelas 21h00, para a apresentação do documentário “Doutores Palhaços”, do qual é coautor ao lado de Helder Faria.
Onde o sofrimento impera, os Doutores Palhaços, especialistas em sorrisos, avivam a esperança e aliviam a dor aos pacientes, familiares e corpo clínico dos hospitais. O seu efeito junto de quem mais precisa é desvendado ao longo do documentário, que acompanha as equipas presentes em cinco dos quinze hospitais nacionais abrangidos pelas visitas da Operação Nariz Vermelho: o IPO de Lisboa, Hospital D. Estefânia, Hospital Amadora-Sintra, Hospital Pediátrico de Coimbra e Centro Materno Infantil do Norte. O filme explora a missão dos Narizes Vermelhos, desde a sua fundação, em 2002, altura em que Beatriz Quintella, a Dra. Da Graça, propôs ao Hospital D. Estefânia levar a sua personagem de palhaço às crianças, até aos dias de hoje.
“Made in Bangladesh”, de Rubaiyat Hossain, é a longa-metragem que encerra esta 6ª edição da MONSTRARE. Shimu, 23 anos, trabalha numa fábrica de têxteis em Daca, Bangladesh. Face a condições de trabalho cada vez mais duras, decide criar um sindicato com as suas colegas. Apesar das ameaças dos patrões e desaprovação do marido, nada demove Shimu. Ela e as suas companheiras terão de lutar juntas até ao fim.
Refira-se que esta é uma produção conjunta de França, Bangladesh, Dinamarca e Portugal.
Paralelamente à apresentação de curtas e longas-metragens, nos dias 17 (14h00 às 19h00) e 18 (das 11h00 às 13h30 e das 14h30 às 16h00) realiza-se um workshop intensivo na área dos audiovisuais. Esta formação é organizada pela ShortCutz Faro, apresentando vários formadores que darão a conhecer aos destinatários ensinamentos sobre as várias fases do processo de produção de um filme.
No segundo dia de formação serão exibidos os exercícios feitos no âmbito do workshop.
“Monstrare”, palavra latina que significa tornar algo visível, ou denunciar, dá novamente o mote para esta Mostra promovida pela Câmara Municipal de Loulé, através do Loulé Film Office. Este é o primeiro evento em Portugal dedicado exclusivamente ao cinema sobre temáticas sociais, em 2020.
Para os responsáveis da Autarquia de Loulé, o Cinema é uma das artes que cada vez mais ganha espaço no concelho, fruto sobretudo do trabalho levado a cabo pelo Loulé Film Office que tem permitido trazer para Loulé várias produções nacionais e internacionais. Prevê-se que 2020 seja um ano decisivo nesta matéria.
GAP da CM Loulé