A ansiedade aliou-se à incerteza e plantou-se às nossas portas em Estado de Emergência sanitária, pouco importando em que ramo de negócio, credo, ou situação económica. Geral, mundial, bruto. Uma pessoa é já muita gente e “isto” está a ceifar muitas pessoas. Demasiadas, muito rápido.
Não vou entrar em constatações absurdas sobre estar em casa. Não vou dar ideias de entretenimento. Aborreça-se quem quiser, quem não, reinvente-se. Face aos números e face à ameaça, é ridículo que seja o tédio de cada um a preocupação. O tédio do confinamento social é a reclamação típica da sociedade infantil e meio mimada em que nos fomos tornando.
Os adultos vão ter de o ser, e de uma vez por todas. Sem romantismos: é um dever estar em casa e não um modo de provar de que se está certo por oposição a todas as pessoas que estão na rua. Não se julgue precipitadamente o que não se sabe. Lave-se os dedos antes de os apontar. Guarde-se energias para coisas positivas e mantenha-se a saúde, se possível. Não se participe: nem na propagação, nem de vírus nem de notícias e informação falsa.
Essa energia: vai ser necessária. Depois “disto”, a economia vai estar manca. Em todo o lado. Se a União Europeia não se unir, vai ser apenas europeia, sem a União… e continuarão as divisões que as extremas rosnam: “nós” por oposição a “eles e elas” e “os outros e outras”. Não sejam ecos. Gente mais douta (ou não) há e haverá para fazer o comentário do comentário a toda a hora. Basta ligar a televisão.
Se não fosse tão sério, era até irónico. As gerações do século XXI, amplamente conhecidas por enfiarem as suas cabeças individualistas nas areias dos seus próprios umbigos e telemóveis, por quererem tudo “para já” vão ter de sair dos seus individualismos de paletas pastel sem sair de casa, a pensar noutros e noutras que não os mesmos… e disso dependemos. Basicamente, ser adultos, sem birras e exigências. A tal da proatividade.
Adie-se o coelhinho da Páscoa. E quando se puder ser de novo, então seja-se. Para já treine-se a paciência e a confiança.
Selma Nunes