Posição da APAV sobre a necessidade de considerar o impacto das medidas de saúde pública de combate à pandemia de COVID-19 sobre as pessoas idosas.
A APAV apresenta hoje a sua posição sobre a necessidade de considerar os efeitos que o levantamento gradual das medidas de saúde pública, a ser atualmente discutido, terá nas pessoas idosas, nas relações intergeracionais e na construção de uma sociedade menos idadista.
Na persecução da sua missão – já com 30 anos de idade – de contribuir para o aperfeiçoamento das políticas públicas, sociais e privadas centradas no estatuto da vítima, a APAV, que no último ano prestou apoio a 1.350 pessoas idosas vítimas de crime e violência, defende que:
- Devem os decisores políticos transmitir à sociedade portuguesa, tão claramente como transmitem medidas restritivas e de saúde pública, que vivemos num Estado de Direito democrático que não cai na tentação de adotar generalizações facilitistas e onde os direitos, liberdade e garantias consagrados na Constituição da República Portuguesa não expiram com a idade;
- Devem ser chamados à discussão sobre o levantamento das medidas de saúde pública na presente e seguintes fases do combate à pandemia COVID-19 aqueles profissionais que poderão informar acerca dos efeitos, a curto e longo prazo, que as decisões agora tomadas terão para as pessoas idosas e para a sociedade portuguesa;
- Devem ser chamados a esta mesma discussão pessoas idosas e/ou associações que as representem.
A APAV está atenta ao impacto que a situação epidemiológica do nosso país tem na sociedade portuguesa e, em particular, nos fenómenos de vitimação, e considera que, por um lado, esta pandemia permitiu um despertar generalizado para as condições em que muitas pessoas idosas vivem, particularmente em Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas. Por outro lado, começa a surgir, entre aqueles cujas atenções sempre estiveram voltadas para as pessoas idosas, uma sensação de que se avizinham tempos perigosos para a dignidade e igualdade das mesmas.
É premente ouvir os psicólogos, os sociólogos, os geriatras, os gerontólogos, os investigadores, os corpos dirigentes e todos os que trabalham em lares, os cuidadores e as próprias pessoas idosas.
É necessário ouvi-los falar, por exemplo, sobre os perigos do isolamento e da solidão para a saúde física e mental, o fraco investimento público nas respostas sociais e as deficiências do sistema de fiscalização em vigor ou o impacto negativo que o isolamento tem também naqueles que vivem em contextos de violência, confinados com os seus agressores.
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APAV