Novo relatório das Nações Unidas alerta para a necessidade de Proteger Pradarias Marinhas

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A importância das pradarias de ervas marinhas e a necessidade de as proteger são o foco de um novo alerta das Nações Unidas. Estes ecossistemas, que continuam em declínio, são eficazes soluções naturais para o combate às alterações climáticas e contribuem para o sustento de comunidades afetadas por fatores de stress como a atual pandemia do COVID-19.

As pradarias de ervas marinhas são dos habitats costeiros mais comuns do planeta, cobrindo mais de 300 000 km2 em cerca de 159 países. Biologicamente ricos e muito produtivos, estes ecossistemas fornecem habitat para muitas espécies, incluindo as populações de peixes das 20% maiores pescarias do mundo, protegem a costa da erosão, filtram a água de agentes patogénicos e poluentes e outros benefícios para as comunidades costeiras. O novo relatório Out of the Blue: The Value of Seagrasses to the Environment and to People foi lançado hoje, no Dia Mundial dos Oceanos, pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente em colaboração com o centro GRID-Arendal e o World Conservation Monitoring Centre das Nações Unidas. Este relatório mostra que apesar de cobrirem apenas 0,1% do fundo dos oceanos, as pradarias marinhas são importantes sequestradores de carbono armazenando até 18% do carbono dos oceanos de todo o mundo.

Desde os finais do século XIX, quase 30% da área conhecida das pradarias marinhas do mundo desapareceu. As principais ameaças são os escoamentos urbanos, industriais e agrícolas, o desenvolvimento costeiro, as dragagens, a pesca não regulamentada, as atividades náuticas e as alterações climáticas. “Manter a saúde dos ecossistemas de ervas marinhas – que fornecem alimentos e meios de subsistência a centenas de milhões de pessoas, apoiam a rica biodiversidade e constituem uma das reservas de carbono mais eficientes do planeta – é importante para uma vida marinha e humana saudável em todo o mundo”, afirma Susan Gardner, diretora da divisão de ecossistemas. “As ervas marinhas representam soluções poderosas baseadas na natureza no combate às alterações climáticas e no desenvolvimento sustentável.”

Carmen Santos, investigadora do CCMAR, na Universidade do Algarve, coordenou um dos capítulos deste relatório. Segundo a investigadora, “Portugal perdeu extensas áreas de pradarias marinhas durante as últimas décadas, e com isso perdemos também os seus benefícios, como o apoio à pesca e o sequestro de carbono.” O grupo de investigação do qual faz parte no CCMAR, foca os seus estudos nos benefícios ambientais que as pradarias marinhas fornecem, especialmente no que se refere à forma como estas contribuem na mitigação das alterações climáticas através do sequestro de carbono. A investigadora espera que este Relatório Global das Nações Unidas “contribua para colocar as ervas marinhas no centro da agenda de conservação em Portugal, proteger e recuperar estes importantes ecossistemas e trazer de volta os seus benefícios.” A conservação e restauração das pradarias marinhas pode contribuir para alcançar até dez dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, bem como os objetivos do Acordo de Paris e da Convenção sobre Diversidade Biológica.

CCMAR – UALgPradariaMarinhaCCMARFig.1 – Investigadores do CCMAR realizam estudos sobre as Pradarias Marinhas da Ria Formosa (© Carmen B. de los Santos)PradariaMarinhaCCMAR1Fig. 2 – As ervas marinhas são plantas superiores (e não algas) que formam extensas pradarias em zonas costeiras (© Carmen B. de los Santos).

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Fig. 3 – Investigadores do CCMAR recolhem dados sobre as Pradarias Marinhas da Ria Formosa (© Carmen B. de los Santos).

 
 

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