Solta-mente | Encerramento do Algarve: os Limites do Alarmismo

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O problema nas infra-estruturas hospitalares e de falta de recursos humanos das mesmas da nossa região não é de hoje. É perfeitamente lógico e até natural que algumas camadas da nossa população estejam assustadíssimas com a proliferação de casos de Covid19 no Algarve, região que dobra, ou triplica de população em épocas de maior afluência de turismo. 

Apesar de compreensível, os números algarvios acumulados, ou seja, desde Março, contabilizam até aquelas pessoas que já se curaram. Esses números, apesar de preocupantes tendo em conta que o foco de infecção deriva de uma festa ilegal à qual acorreram pessoas sedentas de qualquer tipo de entretenimento, não são suficientes para encerrar toda a região. Um lar de idosos “lá para cima” tem mais casos que o nosso número acumulado desde Março.

Tendo em conta que a opinião pública está inflamada como um rastilho de pólvora, depressa se lincham em redes, praças e cafés os incautos que inconscientemente se desconfinaram às pressas. E um médico defende o encerramento da região. E também isso é compreensível, mas paremos o alarmismo para pensar um bocadinho. Não se pode estar sempre a reagir a quente com o pânico a ditar o grau máximo. Vocês querem mesmo ficar confinados, outra vez? Ou julga-se, erradamente, que poderemos andar a passear livremente, só nós, com a região encerrada e alerta máximo?

O Algarve é uma região turística. Neste momento, todas as nossas actividades dependem directa e indirectamente do turismo. Todas. A pesca e a agricultura não escoam se os restaurantes e hotelaria estiverem vazios. Os artistas precisam de actuar. E os números algarvios não são um atentado à saúde pública, mesmo após desdita festa. Encerrar o Algarve é colocar um garrote à circulação de pessoas, e levar à guilhotina todas as outras empresas, que já estão nos seus limites. Já contamos com o maior número de desempregados de sempre. Um fechamento da região deverá ser feito apenas se a subida for incontrolável. Estes números não são nada comparativamente a Lisboa e Vale de Tejo, Porto e afins, onde não houve cerca sanitária. 

Estas notícias de sensacionalismo numérico estão a atravessar o nosso país e as nossas fronteiras. É uma ajuda aos destinos turísticos que são nossos concorrentes e que querem os mesmos mercados turísticos que nós. As operações podem ser desviadas para outras bandas. O Algarve não pode ser encerrado pelo número de casos acumulados ou quem encerra somos nós. Temos de tentar encontrar o equilíbrio entre o medo do Covid19, a saúde pública e a economia ou viveremos de joelhos durante uns muitos anos, mais do que se a região não encerrar.

Selma NunesAlarmeAlgarve

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