Gripe ou COVID-19, é possível distinguir?

0
320
PauloPaixaoDr

Artigo de opinião de Paulo Paixão, Presidente da Sociedade Portuguesa de Virologia e Médico Virologista da SYNLAB Portugal.

O tempo mais frio está a chegar, as empresas estão a desconfinar, as aulas estão a começar e, de acordo com as últimas estatísticas, o aumento de casos de COVID-19 tem estado diretamente relacionado com a aproximação das famílias. Adicionalmente, todos os dias observamos colegas de trabalho nos seus momentos de lazer, a almoçar e/ou a tomar café, frente a frente nos restaurantes e sem máscara.

Por isso, a preocupação é generalizada e racional: a população dificilmente conseguirá distinguir a gripe da COVID-19. Os sintomas são muito semelhantes e, para dificultar o processo, continuamos a ter muitos casos positivos em pessoas com manifestações ligeiras, para além do grande número de assintomáticos. Até a comunidade médica terá dificuldade em distinguir estas duas infeções na perfeição, uma vez que não é possível fazê-lo clinicamente e de forma direta. Os médicos estão sensibilizados para essa situação e a indicação que têm é para “testar, testar, testar”. Testar sempre que estiverem perante quaisquer sintomas respiratórios.

O diagnóstico continuará a ser efetuado através da realização de testes laboratoriais ao SARS-CoV-2 e/ou adicionalmente ao vírus da gripe, dependendo das circunstâncias. Atualmente, nos hospitais, a prioridade é testar os doentes para o novo coronavírus. No entanto, na altura em que os vírus cocircularem poderá fazer sentido a realização dos dois testes, para despistar casos de coinfeção. Obviamente, cada caso é único e a situação terá de ser avaliada pelo médico. Na altura em que o vírus da gripe estiver em circulação, fará sentido fazer os dois testes rápidos e fiáveis a ambos os vírus, situação para a qual os laboratórios clínicos estão muito bem equipados e preparados.

Com a circulação destes dois vírus, é também importante fazer-se um reforço da vacinação para a gripe. No entanto, é preciso alertar que a vacina pode prevenir a gripe, mas que sobretudo protege contra as suas complicações. Há muitos casos de gripe em pessoas vacinadas, pelo que todas as pessoas devem ser também testadas. 

A circulação, em simultâneo, do SARS-CoV-2 e do vírus da gripe em nada deve alterar a nossa atuação perante a desconfiança de uma possível infeção. Pelo contrário, devemos até reforçar. Em caso de sintomas de uma possível infeção respiratória, a população deve contatar a linha SNS24 ou o seu médico. E, acima de tudo, não baixar a guarda e seguir as recomendações de prevenção: lavar as mãos com água e sabão durante, pelo menos 20 segundos; evitar tocar nos olhos, nariz e boca; manter o distanciamento social em situações profissionais e de lazer; ficar em casa se estiver doente; e desinfetar mãos, objetos e superfícies que sejam tocadas regularmente.

MiligramaPauloPaixaoDr

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.