Artigo de opinião de Ana Joaquim, oncologista do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho e coordenadora do programa ONCOMOVE® da Associação de Investigação e Cuidados de Suporte em Oncologia.
Cancro da mama metastático é um termo utilizado para caracterizar uma fase avançada da doença, altura em que o cancro se espalhou para outros órgãos e tecidos do corpo. Trata-se de uma doença crónica, isto é, com a qual a pessoa terá de lidar para toda a sua vida.
O cancro da mama metastático tem origem na mama e dissemina-se para outras partes do corpo, como os pulmões, o fígado, os ossos, a pele, o cérebro, entre outros. Tal como em outros países desenvolvidos, em Portugal apenas 5 a 10 por cento dos novos casos de cancro da mama avançado correspondem a um primeiro diagnóstico.
Na maioria dos casos, a doença reaparece em pessoas com diagnóstico de cancro da mama, no decorrer do tratamento ou após a sua conclusão. Apesar de se tratar de doentes que se encontraram em permanente vigilância, quando as queixas deixam de ser habituais, é importante que procurem o médico para realizar os exames necessários.
Os novos casos de doença avançada atingem, frequentemente, mulheres entre os 45 e os 55 anos de idade, uma altura em que, habitualmente, têm uma vida ativa e pretendem continuar a participar no mercado de trabalho e na sua vida familiar durante e após o tratamento.
Para muitas doentes, regressar ao trabalho com sucesso significa levar uma vida normal. Porém, esta é uma situação que nem sempre é simples. Neste contexto, as pessoas deparam-se com novos desafios, como a falta de segurança no emprego ou a dificuldade em cumprir compromissos contratuais, uma vez que o portador de uma doença crónica está em tratamento contínuo e oscila na forma como se sente. Idealmente, deveria haver a oportunidade de criação de horários e de condições de trabalho adaptadas, como por exemplo trabalhar alguns dias a partir de casa. Nesta fase de pandemia, estas questões são ainda mais prementes.
Também na doença avançada, é importante a promoção de estilos de vida saudáveis, como uma dieta equilibrada, uma vida física e cognitivamente ativa e, ainda, a prática regular de exercício físico. Além dos benefícios conhecidos, esta é uma forma de relativizar a preocupação com a doença oncológica.
As tendências atuais apresentam progressos no desenvolvimento de novas opções de tratamento e apontam para um futuro onde cada vez mais sobreviventes com cancro da mama metastático tenham uma vida mais longa e com melhor qualidade.
No âmbito do Dia Mundial do Cancro da Mama Metastático, vai ser lançado um guia, com mais de 120 páginas, que dá respostas às perguntas mais urgentes relacionadas com o diagnóstico, o tratamento, as emoções, a saúde, os relacionamentos e o trabalho. O guia tem ainda a possibilidade de, ao longo de várias páginas, registar as principais perguntas e sentimentos, funcionando como um diário.
Pode ser consultado em: www.eueocancrodamama.pt
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