As pessoas do meu país, fartinhas até à peruca de restrições, fizeram uma birra. Desde Março a serem tratados e tratadas como crianças, (irra!) com direito a lemas como “salvar o Natal” resolveram entrar numa espécie de puberdade atípica.
Isso da adolescência aparece sempre quando menos jeito dá a toda a gente: e confere. O pior é que em causa está muito mais do que o aparecimento de acne e pêlos em sítios manhosos. Este comportamento coloca vidas em risco e hospitais em ruptura.
O “tu não mandas em mim” e a “eu faço o que me apetecer” encheram as frentes marítimas e os passeios das cidades, numa revolta desmascarada de excepções, mas cheio de excepcionalidades individuais. Até houve quem fosse juntar-se para poder reclamar do ajuntamento – se pidesca reminiscência ou nova modalidade desportiva – os meus vermelhos lábios não conseguem discernir sem sorrir.
Quem foi e quem não foi já não interessa. Já veio sermão e já se cantou o fado. Para nós, de castigo. Fecha-se o postigo. E agora, no meio disto, que se aplique e alguém que me explique: crianças, adolescentes ou adultos, não importa. Do papel higiénico ao passeio higiénico: quando é que ficaram insensíveis a tanta gente morta? É muita gente por dia – Aiiiii Maria, sai desse mundo de fantasia. Não digo para viveres com medo, mas arreda-te, resguarda-te, informa-te e cresce, que estar vivo é uma responsabilidade também.
Selma Nunes