Isto de ser algarvio exige muita paciência. Essa história de termos de pagar os projectos de requalificação para a água no Algarve, enquanto pagamos sem bufar os projectos de outras regiões, planos esses, dos quais nem beneficiamos, ou é bem contada, ou dá asneira. Seria bom que fosse bem explicadinho.
Vamos ser a região mais afectada pela crise pandémica. O desemprego já grassa. O nosso maior, mais dinâmico e quase único sector económico está fechado, despejando inúmeras famílias na incerteza e no desemprego. Há que seguir políticas que sirvam as pessoas comuns, reais, ou para nada servem. E se não servirem, então, é trabalho para o boneco, ou para si próprio/a. Nenhuma das duas me parece bem.
Há que perceber o que raio se passa mesmo aqui. Porque foi criada uma plataforma que une associações ambientais, entre outras e que está contra? Que consequências ambientais terá a dessalinização? Estamos de acordo com isso? E porquê só os algarvios pagam? Os tempos de seca são da nossa responsabilidade? Esqueçam lá se o golf vai pagar menos ou mais, que isso são achas para uma fogueira desunida. O que quero saber é: vai resolver o problema? Dizem que não, mas parece que vai ser caro mesmo assim… e ambientalmente caro também. E será verdade que é outra A22 (dinheiros públicos para exploração privada e… água mais cara para toda a gente, sem resolver problema nenhum)? Parece-me interessante. Onde estão os algarvios?
Os jogos de areia são pueris e perigosos. Aprendi em pequena que para lançar um punhado da mesma a outrem, não convém estar contra o vento. Sejamos o vento… e não uivos de casuais e desunidas lamentações nas redes sociais que não assobiam em lado algum senão nas carteiras vazias. Paremos de ver as imagens de vacinação em “loop” repetido de notícia sem sumo e olhemos para o Algarve. Porquê? Como? A quem? Para quem? E porque temos de pagar? Quem está contra? E a favor? E porquê? Informemo-nos para perceber e discuta-se isto a preceito, sem meter água, sem mandar areia.
Selma Nunes