A Autarquia de Loulé promoveu um dia dedicado ao sistema municipal de proteção civil. Numa altura em que se aproxima o período crítico dos incêndios, foi na área da defesa da floresta contra incêndios que se centraram as atividades realizadas e que tiveram o acompanhamento da secretária de Estado da Administração Interna, Patrícia Gaspar.
Numa cerimónia realizada no Quartel de Bombeiros, o Serviço Municipal de Proteção Civil e o Corpo de Bombeiros Municipais, os dois principais “braços” que zelam pela proteção civil, segurança e socorro neste território, estiveram juntos para apresentar as ações preventivas que, ano após ano, reforçam a salvaguarda da população e do património das zonas florestais. No mesmo dia, foram condecorados 40 “soldados da paz” desta corporação.
E porque esta estratégia com vista à proteção de pessoas e bens e valorização da biodiversidade se faz de parcerias no terreno que têm contribuído para tornar Loulé num território resiliente, a sessão teve início com entrega às associações de caçadores e juntas de freguesia de um kit com equipamentos de proteção individual (botas, calças, t-shirt, dólman e capacete), bem como de apoio financeiro para melhoramentos de caminhos florestais e aquisição de equipamentos de primeira intervenção. Estas entidades têm sido determinantes no apoio à avaliação de riscos e gestão das ocorrências, bem como na colaboração nas ações de sensibilização e informação pública. Assim, além das quatro juntas que integram a faixa interior do concelho – Ameixial, Alte, Salir e União de Freguesias de Querença, Tôr e Benafim -, esta iniciativa incluiu também 18 associações e clubes de caça do concelho .Neste dia foi apresentada oficialmente a Equipa de Sapadores Florestais, reconhecida no dia 11 de maio de 2021 pelo Conselho Diretivo do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, composta por trabalhadores especializados com perfil e formação adequados ao exercício de atividades de silvicultura e defesa da floresta, reforçando as estruturas de prevenção e de combate já existentes.
Também a GNR tem tido um papel importante neste contexto, cuja presença no terreno reforça a segurança e confiança das populações, e nesse sentido, foi celebrado um protocolo entre o Município e esta força de segurança para a cedência de uma viatura de ligeiros destinada a patrulhamentos nas freguesias prioritárias.
Através de um contrato de comodato, foram igualmente cedidas duas viaturas todo-o-terreno às juntas de freguesia de Salir e à União de Freguesias de Querença, Tôr e Benafim que permitirão reforçar o dispositivo de defesa da floresta contra incêndios, bem como todas as ações no âmbito da proteção civil nestas áreas.
Num dia em que o trabalho realizado pela Câmara Municipal de Loulé em matéria de proteção civil esteve em destaque, foram condecorados 40 bombeiros, com a atribuição das Medalhas de Assiduidade. Já o Corpo de Bombeiros Municipais de Loulé recebeu o Crachá de Cidadania e Mérito.
Recorde-se que o concelho de Loulé conta com 141 aldeias e aglomerados consideradas com o primeiro grau de prioridade no âmbito de incêndios rurais; 40% da área do município tem potencialidades para que ocorra um incêndio florestal de grandes dimensões – 23,1% é ocupada pelas classes de perigo elevado e 16% pelas classes de perigo muito elevado.
No seu discurso, o autarca Vítor Aleixo justificou a realização deste dia temático dedicado à proteção civil, por ser este “um dos eixos estratégicos que de forma consistente vimos desenvolvendo, de há anos a esta parte, exatamente porque sabemos bem que toda a ação política é hoje muito polarizada em torno das questões da vida, da sua preservação e proteção”.
O presidente do Município louletano falou do “investimento de mais de 1 milhão de euros realizado em equipamentos, ações e intervenções no âmbito do combate aos incêndios rurais”, entre 2019 e 2020. “Hoje entregámos viaturas a juntas de freguesia e GNR, reforçámos o equipamento de proteção individual dos caçadores e diversos intervenientes nesta grande equipa que vigia incansavelmente, dia e noite, os nossos cerros, montes e florestas”, avançou. Mas é também em iniciativas como o programa “Aldeia Segura, Pessoas Seguras”, a aplicação móvel que fornece informação sobre o nível de risco de incêndio registado em tempo real ou a aquisição de destroçadores de sobrantes distribuídos pelas juntas do interior para limpeza da floresta, minimizando os riscos das queimadas que este trabalho preventivo tem sido realizado.
Nas vésperas do lançamento da obra do INEM, um edifício que irá integrar também o CODU (Centro de Orientação de Doentes Urgentes), que irá fazer parte da “cidadela de segurança e proteção civil” de Loulé, este responsável falou da importância deste verdadeiro campus criado na zona sul da cidade, “dedicado a servir não só Loulé, como toda a região do Algarve”, e onde se encontra o Quartel de Bombeiros e o Heliporto, duas estruturas cuja ampliação faz parte da agenda municipal (no caso do Heliporto o processo está já em fase de concurso público, num investimento de 2,5 milhões de euros com apoio do INTERREG), o CREPC – Comando Regional de Emergência e Proteção Civil do Algarve) e a futura sede do Comando Regional da Guarda Nacional Republicana. “O que sonhámos vamos concretizar: uma cidadela para a segurança e proteção civil de vocação regional, no centro geográfico do Algarve, com acessos de excelência e disponibilidade de meios à altura das missões mais exigentes”, realçou.
Quanto a projetos, no que toca ao reforço da capacidade das infraestruturas para os meios aéreos, Vítor Aleixo falou do desejo de concretizar a criação de um Aeródromo, infraestrutura cartografada no PDM. “Esse projeto continua ali, com validade. O Município de Loulé, ao longo dos últimos anos, tem adquirido parcelas de terreno e nunca deixou cair a ideia de ali poder fazer um Aeródromo. Sabemos que seria uma enorme mais-valia para a região poder utilizar esta futura infraestrutura para podermos resolver problemas que têm a ver com a proteção civil no sul do país”, adiantou, acrescentando ainda que o Município aguarda apoio governamental para levar por diante este ensejo.
Em termos de formação, o autarca anunciou ainda a intenção de criar em Loulé uma Escola Nacional de Proteção Civil para servir o sul do país. “Temos essa intenção, temos alguns meios e sobretudo temos essa visão e esse gosto de poder servir o país no domínio da proteção civil e da segurança”, garantiu.
A secretária de Estado acompanhou todas estas iniciativas e no final falou do “trabalho estruturante e fundamental, de grande visão e inteligência, que este município está a conseguir fazer na área da proteção civil do socorro, da segurança e também do ambiente”. “Loulé é efetivamente um município seguro, que está no bom caminho!”. Quanto a possíveis apoios por parte da administração central a futuros projetos para o concelho de Loulé, Patrícia Gaspar antevê a disponibilidade através dos mecanismos financeiros existentes.
“Loulé está estrategicamente posicionado na região e há um caminho de futuro para fazer. Estamos neste momento a começar a trabalhar o próximo quadro comunitário de apoio e diria que há um vasto mar de oportunidades que temos que ter a inteligência e o saber para poder aproveitar da melhor forma possível”, adiantou esta responsável.
GAP da CM Loulé