Apenas 34% dos Portugueses e dos Europeus estão em condições de gastar mais do que em 2020  

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ObservadorCetelem
  • Nível de consumo cai pela Europa e intenções de poupança atingem níveis recorde
  • Independentemente da capacidade financeira há uma menor intenção de consumo
  • Maiores intenções de gastos com viagens/lazer, eletrodomésticos e smartphones

Nos mais de 20 anos ao longo dos quais o Barómetro do Observador Cetelem tem vindo a estudar o estado de espírito dos Europeus, após a recessão económica provocada pela crise do subprime, que atingiu e abalou a totalidade do globo, a pandemia da Covid-19 constitui a segunda vez que se regista uma onda de choque tão profunda, com consequências múltiplas e efeitos ainda não totalmente conhecidos.

Tanto em Portugal como também na Europa, o cenário pandémico que ainda atravessamos foi responsável por longos períodos de suspensão económica, principalmente durante os momentos de confinamento. Numa situação em que inúmeros estabelecimentos comerciais se viram forçados a fechar, ou cujo acesso foi limitado, tanto no tempo como no espaço, e em que a possibilidade de sair de casa foi vedada ou fortemente restringida, não é de surpreender que o consumo tenha sido diretamente afetado. A estes fatores veio ainda juntar-se um outro aspeto tido em conta pelos consumidores: a incerteza.

Neste contexto de incerteza, o Barómetro Europeu do Consumo Cetelem 2021 foi procurar saber junto dos cidadãos de 15 países europeus como estão as suas perspetivas de consumo. Questionados sobre se tencionam vir a gastar mais que em 2020, apenas 34% o afirmam, uma queda de 6 pontos face ao resultado no ano anterior. Em Portugal, este valor é o mesmo da média europeia (34%), representando um aumento de 3 pontos comparativamente a 2020. Em Itália – por norma um dos países onde o consumo é maior – este valor é de 38%, verificando-se a queda mais significativa (-26 pontos).

Poupança bate recordes

Na mesma perspetiva, 54% dos europeus afirmam que pretendem poupar mais do que no ano anterior, um aumento de 3 pontos e um valor recorde. Em Portugal, as intenções de poupança desceram 1 ponto face a 2020, apesar de permanecerem historicamente elevadas (59%) e estarem acima da média europeia (54%). Em Itália, estas intenções aumentaram 11 pontos, para 51%, mas continuam abaixo da média europeia.

Também é verdade que, independentemente da capacidade financeira, há menos vontade de consumir. São 48% os europeus que defendem esta ideia (mais 5 pontos face a 2020), em que, desses, 26% dizem não querer consumir apesar de terem capacidade para tal (+4 pontos) e 22% indicam não querer porque não têm capacidade (+1 ponto). Os portugueses encontram-se na média, com 47% dos portugueses a manifestar menos vontade de consumir, tendo 22% essa capacidade, mas não vontade. É precisamente em alguns dos países que integram o grupo dos mais “prósperos” que o desejo de consumir se afigura mais ausente, o mesmo sucedendo na República Checa. De facto, 62% dos Austríacos (+15 pontos) e 55% dos Franceses (+12 pontos) experienciam uma verdadeira anemia consumista.

O isolamento em que o mundo viveu durante meses resultou numa preferência por produtos e serviços que oferecem um certo grau de evasão. Assim, o destaque nas intenções de compra incide sobretudo nos gastos com viagens e lazer (47%), embora tenha registado uma queda considerável (13 pontos), tendo mesmo caído para a segunda posição na Hungria, Polónia e Eslováquia. Países como Portugal, Espanha, Itália e Áustria, onde o sector do turismo representa mais de 10% do PIB, poderão ser os mais afetados pelas consequências económicas desta realidade. Na segunda e na terceira posições das intenções de compra dos europeus destacam-se os eletrodomésticos (42%) e os smartphones (38%).

Metodologia:

O inquérito quantitativo do Observador Cetelem foi realizado pela empresa de estudos de mercado Nielsen. Este teve por base uma amostra representativa de 1000 indivíduos residentes em Portugal Continental, de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 18 e os 74 anos de idade. A amostra total é representativa da população e está estratificada por distrito, sexo, idade e níveis socioeconómicos e conta com um erro máximo associado de +/- 3.1 pontos percentuais para um intervalo de confiança de 95%. As entrevistas foram realizadas telefonicamente (CATI), com informação recolhida por intermédio de um questionário estruturado de perguntas fechadas. O trabalho de campo foi realizado entre 27 de março e 6 de abril de 2021.

AtreviaObservadorCetelem

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