Obra Nacional da Pastoral do Turismo | Dia Mundial do Turismo – 27 de setembro

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A celebração do Dia Mundial do Turismo de 2021 acontece, ainda, sob a nota da crise pandémica que todos vivemos. Os efeitos desta crise neste setor, como todos sabemos, foram atrozes, mas ensinaram-nos que, por um lado, nestes dois anos não foi só toda uma indústria que parou; foi todo um modo de vida que terminou abruptamente.

Por outro, o turismo não é um mundo à parte, só de alguns e para alguns. Verdadeiramente, se dúvidas ainda houvesse, verificou-se que o turismo é uma realidade global para todos e com todos, abarcando, na sua complexidade, componentes de formação, de lazer/fruição e de emprego. Todavia, se o sector «foi (…) fortemente penalizado, poderá contribuir para impulsionar a recuperação e o crescimento» [1], já que «é um pilar da maioria – se não de todos – dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (DDS), particularmente dos Objetivos 1 (sem pobreza), 5 (igualdade de género), 8 (trabalho decente e crescimento económico) e 10 (reduzir as desigualdades)» [2] e está consignado na «Agenda 2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável como um motor para o avanço da prosperidade, protegendo o nosso planeta e lançando as bases para a paz e o entendimento entre os povos». [3]

Neste sentido a Organização Mundial do Turismo (OMT) pede-nos que este Dia Mundial do Turismo 2021 seja centrado no Turismo para um crescimento inclusivo, devendo olhar-se para cada pessoa, não como parte de uma estatística, mas como alguém único e especial a ser tido em conta no processo de crescimento e desenvolvimento, procurando «garantir que ninguém fica para trás quando o mundo começar a abrir-se novamente e a olhar para o futuro». [4]

Do mesmo modo, a Igreja, através do Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral, relembra palavras do Papa Francisco, que nos dizem que é preciso «promover o bem-estar social e económico de toda a humanidade, oferecendo a todos a oportunidade de alcançar o seu próprio desenvolvimento» [5], olhando para o turismo como uma atividade que permite «abordagens inclusivas e que fogem às «tentações do individualismo e do nacionalismo» [6].

Este crescimento sustentável é deveras importante para Portugal, pais onde, de acordo com dados de 2019 revelados pelo World Travel & Tourism Council e recolhidos no IPDT e TravelBI by Turismo de Portugal, esta atividade era responsável – direta e indiretamente – por dois em cada 10 empregos e por 1,00 em cada 5,00 euros gerados. 

Olhar para a preservação da casa comum onde habitamos, preocupando-nos em usufruir das maravilhas da obra da criação e preservando-as para as gerações futuras é um dos caminhos a trilhar, que permitirá um crescimento equilibrado, quer do ponto de vista geográfico, quer social. Outra das apostas que devemos fazer passa por compreender que o interesse turístico do nosso país não está só no litoral. Devemos trabalhar em conjunto – Igreja, autoridades civis, cidadãos – para transformar Portugal num país de interesse turístico na sua globalidade. E essa globalidade envolve obrigatoriamente as pessoas. O turismo não poderá voltar a ser a indústria onde uns poucos ganham dinheiro fácil e muitos trabalham muito. Só um turismo entendido como a indústria onde todos se sentem parte integrante pode permanecer e olhar para uma crise como uma oportunidade de crescer de novo, evitando os erros do passado.

Em Portugal, a Obra Nacional da Pastoral do Turismo (ONPT), órgão da Conferência Episcopal Portuguesa para o acompanhamento do setor do Turismo, está disponível para trabalhar com todos, para que esse crescimento não exclua ninguém. As suas linhas de trabalho assentam no estabelecimento de diálogo, a começar pela Santa Sé, bem como com os países que têm trabalho pastoral feito nesta área (Espanha, Itália, França, Argentina, México, Brasil, entre outros) e com todas as Dioceses portuguesas, procurando que, dentro da Igreja, se crie uma dinâmica de análise e trabalho precursora de frutos positivos e visíveis, mas sobretudo úteis para quem trabalha nesta área.

A preservação e fruição do património (material e imaterial), dando visibilidade à espiritualidade católica nele presente e o respeito pelas culturas é outra das pedras angulares sobre as quais assentam as propostas da ONPT, que procurará, através das suas ações, fazer compreender que olhar para o turismo como motor económico e de sustentabilidade (incluindo das próprias paróquias) tem um valor pastoral, sendo determinante realçar práticas que promovam o desenvolvimento de uma ecologia integral, como propõe o Papa Francisco [7].

NOTAS:

[1] Turismo de Portugal – Dia Mundial do Turismo: Dia Mundial do Turismo, http://www.turismodeportugal.pt/pt/Agenda/Paginas/dia-mundial-do-turismo.aspx

[2] ONU – Dia Mundial do Turismo, Turismo para um crescimento inclusivo, https://www.un.org/en/observances/tourism-day

[3] António Guterres, Secretário-geral da ONU, Mensagem para o Dia Mundial do Turismo 2021, https://www.unwto.org/world-tourism-day-2021/official-messages  

[4] OMT, Dia Mundial do Turismo 2021 – Nota de fundo, https://www.unwto.org/world-tourism-day-2021 

[5] Francisco, Discurso aos participantes no Congresso Mundial de Consultores Fiscais, 14 de novembro de 2014.l , in Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral, Mensagem para o Dia Mundial do Turismo 2021

https://press.vatican.va/content/salastampa/it/bollettino/pubblico/2021/09/11/0554/01223.html.   

[6] Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral, Mensagem para o Dia Mundial do Turismo 2021,

https://press.vatican.va/content/salastampa/it/bollettino/pubblico/2021/09/11/0554/01223.html.

[7] Ver Francisco, Carta Encíclica Laudato si, n. 11. 

https://www.vatican.va/content/francesco/es/encyclicals/documents/papa-francesco_20150524_enciclica-laudato-si.html#84

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