No passado dia 7 de setembro, foi com enorme alegria que a FARO1540 – Associação de Defesa e Promoção do Património Ambiental e Cultural de Faro, assinou o protocolo de cedência do edifício denominado de Torre da Horta dos Cães ou Celeiro de S. Francisco ou Torre de S. Francisco, classificado como IIP – Imóvel de Interesse Público, pelo decreto n.º 129/77, DR, I Série, n.º 226, datado de 29 setembro de 1977, com o Município de Faro. Foi uma longa e desafiante caminhada, repleta de simbolismo, em que os privados, o município e a sociedade civil uniram esforços em busca de uma solução para um desafio com décadas.
Este é um momento de grande significado para a FARO1540 e para os seus associados, enquanto agente cultural promotor e defensor do património ambiental e cultural, poderá a partir de agora rumar a uma nova etapa dos seus 12 anos de vida – a implementação do Projeto Cultural Torre de S. Francisco: Território e Memória, que abraçamos com grande determinação, e pretendemos através destes contribuir de forma positiva e ativa para a preservação do Património Material e Imaterial da Cidade de Faro, alicerçados na construção de pontes a favor dos farenses, o nosso maior património, com as suas história e as suas memórias.
Logo que a segunda fase das obras estejam concluídas, a FARO1540 pretende instalar na Torre de S. Francisco um Projeto de cariz cultural designado de Torre de S. Francisco: Território e Memória, um espaço de reflexão, interpretação, organização, exposição e divulgação do património histórico material e imaterial da cidade de Faro, desenvolvido em estreita articulação com a comunidade farense e para a comunidade farense, ao nível da colaboração e co-criação, envolvendo tanto a academia, como associações e ONG, arquivos, bibliotecas, museus e redes informais de cidadãos.
“O nome do Projeto é inspirado no próprio edificado, cuja construção é vertical, remetendo-nos para Torre é a representação da identidade da cidade e as pedras que a estruturam são as memórias que a integram, num crescendo de conhecimento que a consolidam e reforçam” Paulo de Oliveira Botelho
Em termos de missão e valores, o principal objetivo subjacente ao conceito da Torre de S. Francisco: Território e Memória é construir uma “casa” de cultura, de porta aberta, muito mais do que um espaço museológico no sentido tradicional.
É um espaço focado essencialmente no património imaterial, como as memórias, criando um espaço de experiência, um lugar de histórias e ideias, através da participação dos seus atores que são os farenses, o maior património da cidade de Faro.
Um Projeto onde os farenses são convidados a experienciar o espaço como se tratasse de uma sala de visitas, de uma “grande casa” que pertence e se destina à comunidade farense, recorrendo-se a métodos participativos para inventariar, conservar e divulgar o património cultural local, material e imaterial.
“Através de uma abordagem participativa em que a comunidade local é chamada a intervir de forma ativa, será implementado um conjunto de Projetos cooperativos – Alma F; Ico-Memória – Arquivo Iconográfico de Faro; Caixa de Memórias – Objetos que contam Histórias e Cadeiras com Estória, indo ao encontro da quarta dimensão de atuação definida pelo Município de Faro no Plano Estratégico para a Cultura 20/30” Paulo de Oliveira Botelho
A Torre de S. Francisco – Território e Memória apresenta-se como um ponto de chegada de vivências e também de partida para a produção de novos objetos e novas leituras, novas interpretações da nossa memória e da nossa identidade.
Projeto Alma F
Lançado em junho de 2019, por Paulo de Oliveira Botelho e Cláudia Luz, ambos associados da FARO 1540 e cuja génese esteve na busca da alma farense. Esta busca tem como base a recolha de registo áudio e vídeo de testemunhos orais que permitam contextualizar e integrar de forma transversal os diferentes protagonistas na narrativa histórica. São histórias que muitas vezes a História não conta. São as memórias das pessoas e as recordações das pessoas enquadradas no tempo e no espaço. Ouvindo as suas memórias, aprendemos mais sobre o território e sobre nós próprios. As memórias da vida na cidade, partindo do individual para construir o coletivo. É um Projeto de afetos, que pretende evidenciar a importância da história de vida para o conhecimento e compreensão da história local e para a construção de identidade e o fortalecimento de dinâmicas comunitárias.
Projeto Icono-Memória – Arquivo Iconográfico de Faro
Construção de um repositório iconográfico de referência composto por documentação iconográfica diversificada: de fotografias, diapositivos, mapas, gravuras, cartazes, desenhos e vídeos.
Projeto Caixa de Memórias – Objetos que contam Estórias
Os objetos que nos rodeiam transportam consigo valor histórico no espaço quotidiano e permitem-nos sentir que a nossa existência se dá onde se desenvolve um continuum histórico do qual também fazemos parte. O Projeto Caixa de Memórias desafia a toda a comunidade farense a partilhar a sua história pessoal e familiar através da doação de objetos pessoais com história (com referência à história subjacente à relevância desses objetos) contribuindo para a afirmação da identidade cultural. Os objetos que transportam em si uma carga simbólica, contribuem para contar a história de quem somos, a formar nossa identidade e a moldar como nos apresentamos ao mundo. Estes objetos, obviamente, não possuem uma memória própria, mas funcionam como um reservatório, acumulando tudo o que ali depositamos: as nossas dores, alegrias, um dia triste e outro alegre, um beijo, enfim, tudo aquilo que deixa marca e não queremos guardar sozinhos. Mais do que fazer emergir essas memórias, os objetos levam-nos a partilhar essas experiências, influenciando aqueles que estão à nossa volta com as suas histórias e segredos
Projeto Cadeiras com Estória
A cadeira é uma peça que possui uma carga simbólica muito forte, sendo um verdadeiro símbolo cultural de relação com o estar à mesa e, consequentemente, estar em família ou com amigos, momentos em que se partilham histórias e momentos da vida. Este Projeto pretende convocar os farenses a doarem a sua cadeira e partilharem as suas histórias. Pretende igualmente, levar estas cadeiras, a diversos pontos do concelho, com o objetivo de convidar os farenses a sentarem-se e conversarem sobre as suas experiências, interligando este Projeto ao Projeto Alma F.
A FARO1540 e seus associados agradecem à Câmara Municipal de Faro, na pessoa do Presidente Rogério Bacalhau e a toda a sua equipa pela confiança depositada neste Projeto e na Associação e por mais este passo no reforço da identidade de Faro, na preservação e valorização do Património da nossa cidade e em especial no restauro e requalificação da Torre de S. Francisco. Por último, uma palavra de reconhecimento e agradecimento à D. Maria Rita Ortigão Pinto Cortez e à Família Ramalho Ortigão pela doação deste edifício ao Município de Faro, permitindo desta forma a fruição pública do espaço e a criação desta nova infraestrutura cultural na cidade de Faro.
Convidamos todos os farenses a partilharem as suas estórias e memórias, enriquecendo a alma farense.
Às associações e farenses que partilhem do mesmo sentimento de identidade pela nossa cidade de Faro, juntem-se a nós e tornem-se nossos parceiros nestes projetos ou noutros que queiram desenvolver neste espaço.
Faro1540