- Psicólogos querem resolver e prevenir problemas das populações
- 3,2 mil milhões de euros perdidos em 2019 pelas empresas não financeiras portuguesas
- Mais de 100 mil atendimentos no aconselhamento Psicológico do SNS 24
O Bastonário da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) Francisco Miranda Rodrigues e as duas vice-presidentes Sofia Ramalho e Renata Benavente foram recebidos esta semana por Marcelo Rebelo de Sousa. Esta audiência anual decorre na sequência de uma Carta Aberta enviada ao Presidente da República.
O Bastonário da OPP faz o balanço de um ano em torno da saúde mental e do seu imprescindível papel na nossa sociedade. «O ano de 2021 continua marcado e condicionado pela pandemia da COVID-19. Todos têm sido afetados e têm tido necessidade de se adaptar perante este enorme desafio. Os psicólogos e as psicólogas também, e a sua Ordem tem feito um esforço permanente para poder corresponder às necessidades que a população tem de serviços de psicologia e, simultaneamente, apoiar os psicólogos na sua missão».
É essencial o contributo dos psicólogos em torno de grandes desafios societais como Saúde e Bem-estar, Demografia e Envelhecimento, Migrações, Crise Climática e Sustentabilidade, Trabalho e desenvolvimento, Educação, Justiça e Equidade, Pobreza e Inclusão e a Paz. «Pretendemos assim o reforço do nosso papel para a resolução de problemas das populações ou para a sua prevenção através da construção de políticas públicas informadas pela evidência científica da psicologia. É esta a forma como vemos o nosso papel enquanto Ordem e enquanto psicólogos». Essa missão está presente em inúmeros aspetos da nossa sociedade, que o Bastonário destaca por pontos.
Saúde psicológica no trabalho
O Relatório Prosperidade e Sustentabilidade das Organizações – O custo do stresse e dos problemas de saúde psicológica no trabalho alertou para os 3,2 mil milhões de euros perdidos em 2019 pelas empresas não financeiras portuguesas. «Este é um problema para o qual alertamos há muito tempo e que agora se apresenta como mais um risco para a recuperação de Portugal no pós-pandemia», refere o Bastonário. Apesar de algumas empresas já começarem a preocupar-se com a saúde mental dos seus trabalhadores, ainda faltam iniciativas sistémicas para a saúde ocupacional. Nesse sentido, foram criados o Guia Técnico – Vigilância da saúde dos trabalhadores expostos a fatores de risco psicossocial no local de trabalho e o Livro Verde do Futuro do Trabalho.
Coaching por não psicólogos
É imperativo «alertar para os perigos da prática do coaching por não psicólogos, em áreas que são da saúde e que por isso e pelo que representam em termos de riscos de saúde pública devem estar vedadas ao exercício profissional por parte de profissionais não competentes para essa função», nomeadamente em áreas tão importantes como o desporto de competição.
Necessidade de apoio psicológico
O Programa Nacional da Saúde Mental vai finalmente ter recursos disponíveis para a sua concretização e vai poder ajudar os mais vulneráveis. Contudo, essas medidas não abrangem as necessidades existentes já antes da pandemia, de um trabalho preventivo em centros de saúde e a nível de literacia e sustentabilidade dos sistemas públicos. «A histórica criação do Serviço de Aconselhamento Psicológico do SNS24 tornou-se uma resposta permanente desta Linha, já com mais de 100.000 atendimentos. Todavia, se este serviço tem permitido respostas a situações de ansiedade aguda que sejam possíveis de apoiar com uma intervenção muito breve e se, tem também encaminhado situações diversas para urgência através de uma articulação com o INEM, o mesmo não acontece com os centros de saúde. Para estes não há encaminhamento. As pessoas que necessitariam de mais algum apoio não têm resposta pública». O mesmo acontece com crianças e jovens que precisam de intervenção clínica. O seu encaminhamento para os centros de saúde é quase impossível.
Outras aplicações da psicologia
A OPP debruça-se sobre outros temas essenciais da nossa sociedade e está a tentar concretizar resultados na relação com o sistema de justiça, nas respostas de promoção e proteção das crianças e jovens em risco, no apoio psicológico a vítimas de violência doméstica ou mesmo na mudança de comportamentos no que toca à crise climática, pobreza e exclusão.
A prevenção de riscos na utilização de tecnologia e na presença online, assim como a tecnologia nas intervenções, a realidade aumentada, a cibersegurança ou simplesmente a utilização de plataformas informáticas são preocupações que procuram ser suprimidas com a aposta em competências digitais dos futuros psicólogos.
ADBDC