O REACT-COVID 2.0 – o inquérito da Direção Geral de Saúde (DGS) sobre alimentação e atividade física em contexto de contenção social – foi conhecido este sábado, Dia Mundial da Alimentação, e dá conta que a pandemia veio agravar, ainda mais, as desigualdades sociais na alimentação e portanto, na saúde, com os mais jovens e os mais desfavorecidos a aumentarem o consumo de refeições prépreparadas, de snacks doces e salgados, de refrigerantes e, ainda, a encomendar mais refeições em takeaway.
Para a Ordem dos Nutricionistas este estudo vem provar, à semelhança de outros, que os erros alimentares seguem uma gradação social: quanto mais baixa a posição social, pior o consumo alimentar, potenciando mais doenças relacionadas com a má alimentação, como a diabetes, a obesidade, as doenças cardiovasculares ou o cancro. Urge, por isso, a intensificação das ações da estratégia nacional de promoção a alimentação saudável com enfoque na literacia na alimentação em particular nas populações mais vulneráveis, no sentido de limitar as desigualdades sociais na alimentação.
“O acesso a alimentação adequada é um direito humano. Exige-se uma abordagem multissectorial e essencialmente política, destacando-se a importância de todos os decisores políticos dos diversos setores intensificarem medidas com potencial impacto na melhoria dos hábitos alimentares da população para garantir que todos os portugueses – todos sem exceção –, tenham acesso a uma alimentação justa, equilibrada, sustentável e saudável”, salienta Alexandra Bento, bastonária da Ordem dos Nutricionistas.
O estudo conduzido pela DGS e realizado entre maio e junho de 2021 concluiu que 36,8% dos inquiridos mudaram os hábitos alimentares, sendo que 58,2% afirma que alterou para melhor e 41,8% modificou o padrão alimentar para pior. Acresce que foram encomendadas mais refeições em takeaway (32,2%) e foram consumidos mais snacks doces (26,3%), no entanto, e positivamente, o consumo de água aumentou (22,3%), assim como de hortícolas (18,6%) e de fruta (15,2%).
O REACT-COVID 2.0, que contou com uma amostra de 4.930 indivíduos, com 18 ou mais anos, confirmou o impacto do contexto pandémico nas alterações no quotidiano dos portugueses, já confirmadas na primeira fase do estudo que, realizada em maio de 2020, anunciou que metade da população inquirida (45,1%) reportou ter mudado os seus hábitos alimentares durante o primeiro confinamento e 41,8% teve a perceção de que mudou para pior.
Recorde-se que ainda esta sexta-feira, dia 15 de outubro, foi conhecida a “Balança Alimentar 2016-2020”, um estudo do Instituto Português de Estatística (INE), que concluiu que o aporte calórico médio diário aumentou face ao último período em análise (2012 e 2015) e que representa duas vezes o valor recomendado para um adulto com um peso médio saudável.
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