‘Suinicultores’ à beira da rutura apelam a medidas concretas de ajuda ao setor

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O setor da suinicultura nacional está a atravessar uma crise gravíssima com milhares de postos de trabalho em perigo, animais sem alimento e famílias em risco de perder o seu único meio de subsistência.

Face ao momento de crise que a suinicultura portuguesa está a atravessar, os apelos multiplicam-se para que sejam tomadas medidas indispensáveis e prementes, a começar pela urgência em responder ao problema de escassez dos cereais que está a comprometer a alimentação animal, pondo em risco a sobrevivência dos mesmos. Este é um cenário vivido por todos os suinicultores portugueses, face à oferta disponível no mercado internacional e tendo em conta a baixa autossuficiência nacional.

Os apelos vão ainda no sentido de conter a escalada dos custos de produção, que têm resultado na perda de competitividade das empresas portuguesas, podendo mesmo pôr em causa a sustentabilidade de muitos suinicultores, com risco de falências e desemprego. Em Portugal, estima-se que exista cerca de 20 mil pequenos negócios familiares de suinicultura que são o único sustento de toda a rede familiar. São sobretudo estes que correm o maior risco de falir por falta de capacidade financeira para sobreviver face a este cenário de precariedade.

Ao contrário dos outros bens alimentares, e apesar dos fatores de produção em Portugal estarem mais caros, os preços dos porcos continuam a baixar, distinguindo-se este setor dos demais pela dificuldade em fazer reproduzir no preço do produto acabado os custos de produção.

A somar a tudo isto, não nos podemos esquecer que existe uma perda de competitividade do setor suinícola nacional face aos parceiros comunitários, agravada pela falta de convergência fiscal com a média da União Europeia em matéria de serviços energéticos e de uma eficaz regulação de práticas comerciais nas relações da cadeia de valor.

Fatores de agravamento dos custos de produção: 

  • Os custos com a alimentação animal cresceram 30% no último ano e continuam em subida, com o risco dos produtores, muito em breve, devido às dificuldades de tesouraria, terem dificuldade em alimentar os animais;
  • Houve uma redução significativa do preço pago ao produtor, na ordem dos 40%; 
  • O preço dos combustíveis é 28% mais elevado que no período homólogo de 2020, sendo Portugal o 6º país da Europa com o preço dos combustíveis mais elevados, apresentando um diferencial para Espanha no preço médio do gasóleo de 0,37€/l;
  • O preço da eletricidade é nalguns casos 50% mais elevado que há um ano, sendo Portugal o 6º país da Europa com a eletricidade mais cara, apresentando um diferencial para Espanha na ordem dos 0,013€/kWh para os consumidores industriais;
  • A semana 44 foi a pior de sempre em termos homólogos no que respeita aos preços pagos aos produtores, com tendência de descida;
  • Durante o período pandémico o consumo interno baixou na ordem dos 3,2%, não sendo expectável a sua recuperação ainda durante o ano 2021;
  • A procura externa por parte de países terceiros abrandou substancialmente no segundo semestre de 2021, criando em todo o espaço europeu – também em Portugal – um excesso de oferta de carne de porco, deflacionando os mercados e levando à pressão de escoamento;
  • Acrescido a tudo isto, os operadores do retalho alimentar têm praticado sistemáticas campanhas de promoção com incidência sobre a carne de porco, esmagando ainda mais as margens de toda a fileira, já de si iníquas.

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