De casca fina e brilhante, alimentada pelo nosso generoso Sol e especiais características climáticas e geomorfológicas, a famosa laranja algarvia, de gomos doces e sumarentos, capaz de saciar a sede e o paladar às mais hierarquicamente superiores papilas gustativas, é reconhecida e apreciada pelo mundo, sendo uma excelente representante regional e até nacional.
A sua cor traz à memória o espectacular ocaso algarvio. O sol a esconder-se cenicamente no mar espelhado de tons pérola com laivos púrpura. Já o olfacto traz reminiscências da nossa serra em tons verdes e calcário.
De antemão aviso: não percebo de abacates. Não me trazem memórias, nem me cheiram a nada. Algumas riquezas devem trazer para tão grande aparato no desbaste de água e de paisagem.
Nem é que uma coisa e outra estejam a concurso, mas se me derem a escolher, prefiro três laranjas. Das doces, intensas, mas não intensivas. Justas.
É de salientar que nesta crónica refiro-me sempre a laranjas, no sentido literal – qualquer interpretação politiqueira só desgastará o sistema imunitário conjuntural da mera conjectura. Já outras interpretações serão bem-vindas. A toda a gente, recomendo a dose diária de Vitamina C, pois o Inverno está a chegar.
Selma Nunes