Estava aqui a pensar na saúde do Pai Natal. Já tem uma idade avançada. É perigoso andar aí em altas velocidades, cruzando espaço aéreo, ao frio de Dezembro, num trenó descapotável puxado por renas. Não sei como os defensores dos animais não se manifestam contra as exigências pedidas àquelas simpaticíssimas renas. E como não é apanhado pelos radares de velocidade. Mistério!
Depois, o peso. Não é saudável (e as renas que se queixem) toda aquela gordura abdominal, muito provavelmente provocada por uma alimentação de excessos e espero que não misturada com álcool, pois isso coloca em causa a segurança quando se cruza com aviões, aeroplanos, ovnis, bruxas e aves diversas. As bochechas rosadas nunca me enganaram. Bem, nunca, não é bem assim: nos meus primeiros cinco, seis anos de vida eu era uma miúda inexperiente e fácil de enganar.
Além disso, parece-me ultra perigoso, naquela idade, andar a descer pelas chaminés das casas alheias, sem mais nem menos, em risco de se esparramar pelo chão e partir ou deslocar qualquer coisa. E comer aquelas bolachas todas durante a noite, empurradas por leite? Risco de congestão! Não sei como aguenta!
Toda a gente deveria ter acesso à reforma e o Pai Natal já leva uns anos de exploração valentes em todo o mundo. Contudo, visto que a tal marca de refrigerantes não actua e o próprio parece não meter de uma vez os papéis, preferindo gerir de perto o trabalho de milhares de elfos e elfas, para sair em digressão uma noite por ano, vestido de vermelho, a gritar “Ho Ho Ho” pelo planeta (que não tem cantos, é arredondado, “by the way”).
Como contava, preocupo-me, pronto! Sou humana! Aos leitores e leitoras peço que tomem atenção e pelo menos, não deixem as lareiras acesas. Coloquem bolachas light, chá, uma mantinha e à parte, uma mistura de folhas, frutos, rebentos e líquenes (funciona como muesli para renas). Além disso, respeitem limites de velocidade, se conduzirem, não bebam e não façam nada que o Pai Natal desaprove. A Solta-Mente deseja a todos e todas um Feliz Natal: sejam benevolentes para com as vossas crianças interiores e familiares, na vida real e nas redes sociais.
Selma Nunes
