Todos queremos ajudar, mas quando nos disponibilizamos para apoiar pessoas refugiadas devemos fazê-lo com consciência e reflexão sobre as nossas reais capacidades e disponibilidades. Nesse sentido, o documento da OPP começa por explicar quem são as pessoas refugiadas e como as podemos ajudar, e termina com um breve guia de acolhimento.
Quem são as pessoas refugiadas e como podemos ajudá-las?
Quem faz um movimento de migração forçada por risco de sofrer violações graves dos direitos humanos está a experienciar uma situação de crise e grande vulnerabilidade. Contudo, é uma situação temporária de alguém que tem uma história, um passado, uma profissão e qualidades como qualquer um de nós.
O facto de serem atualmente refugiados pode colocar entraves à realização do seu potencial, bem-estar e saúde psicológica. É natural que estas pessoas se sintam tristes, assustadas, frustradas e mesmo zangadas, além de existirem barreiras como a língua, a religião ou a cultura. No país de acolhimento, existem processos de adaptação complexos como a esperança do acolhimento, a consciência da sua nova situação e a adaptação a essa realidade (que pode ser positiva ou negativa).
Há muitas formas de ajudar e devemos escolher aquela(s) que se adequa(m) às nossas capacidades, recursos e circunstâncias atuais. Depois de conhecer as necessidades, a ajuda pode ser tão diversa como facilitar a integração na comunidade, disponibilizar competências como a língua, encorajar empresas e locais de ensino a criar bolsas, empregar, acolher em casa, fazer donativos ou conversar sobre a paz.
Todos podemos ajudar, mas podemos fazê-lo de formas diferentes, porque todas as formas de ajuda são importantes e todas podem fazer a diferença.
Guia breve para acolher pessoas refugiadas em nossa casa
O que significa acolher pessoas refugiadas
«Acolher pessoas refugiadas na nossa casa não envolve apenas disponibilizar espaço físico (um quarto, por exemplo) e outros bens materiais (por exemplo, alimentação e roupa). Implica estarmos disponíveis para investirmos o nosso tempo no apoio à resolução de tarefas burocráticas, ao acesso a serviços de educação, saúde, emprego, bem como à integração das pessoas refugiadas na nossa comunidade», pode ler-se no documento. Não nos podemos esquecer que estamos a abrir as fronteiras para o nosso espaço familiar e que temos de assumir um compromisso para evitar mais sofrimento.
O que devemos considerar para as acolher
Por muito altruístas que sejamos, não podemos subestimar a tarefa. Temos de ter consciência que não conhecemos as pessoas que vamos acolher, que teremos de abdicar da nossa privacidade e que podem existir diferenças culturais. É uma decisão para ser tomada em família, alinhada com a fase da vida em que estamos. Devemos considerar o tempo que temos disponível, se nos sentimos preparados para lidar com o impacto logístico e emocional, decidir quais os nossos limites e considerar que será um acolhimento temporário.
«Acolher pessoas refugiadas na nossa casa pode ser uma experiência transformadora, que nos traz alegria, satisfação e sentimentos de realização. Pode ensinar-nos coisas sobre nós próprios e sobre a nossa família. Pode mudar-nos, tornar-nos mais resilientes e mais tolerantes. Mas também nos pode gerar dificuldades, conflitos familiares e sentimentos de arrependimento, frustração e ansiedade, por exemplo», esclarece o documento.
Como nos podemos preparar para os receber em nossa casa
Além de estarmos conscientes do passo que vamos dar, devemos preparar os nossos filhos conversando e envolvendo no processo de preparação do acolhimento. No dia da chegada, devemos mostrar que são bem-vindos, mas também respeitar o seu espaço.
Há regras importantes a serem estabelecidas para uma convivência confortável e saudável. Deve definir-se, por exemplo, o funcionamento geral da casa, a organização da cozinha/refeições, a utilização da casa de banho, a utilização de televisão/computador e a privacidade.
Durante a estadia, é importante ir acompanhando e encontrando um equilíbrio. Entre outras sugestões, a OPP propõe que se dê espaço, respeite a privacidade, mostre flexibilidade, valide emoções, proporcione oportunidades para que se expressem e se sintam úteis, aprenda sobre a cultura das pessoas refugiadas e se partilhe a nossa cultura e língua.
É importante estar atento a sinais de risco intensos ou mal-estar psicológico e caso as coisas não estejam a correr bem deve ligar para a linha de apoio do SNS 24. O documento adverte que «é expectável que 1 em cada 5 pessoas refugiadas possa desenvolver problemas de Saúde Psicológica. O nosso papel é facilitar que acedam ao apoio psicológico de que necessitam para recuperar».
Quando acabar o acolhimento, é importante aceitar as nossas emoções e sentimentos e partilhar a experiência e o que sentimos.
Link do documento:
https://www.ordemdospsicologos.pt/ficheiros/documentos/opp_guia_acolherpessoasrefugiadas.pdf
Falar Ajuda: https://www.youtube.com/watch?v=7AfCKC1ZiXE&t=1s
SNS 24 808 24 24 24
ADBD