Esta 6ª feira dia 8 de abril, Rui Diogo, Professor de Anatomia da Faculdade de Medicina da Universidade de Howard em Washington, é o convidado do Ciência Viva de Lagos para falar de Medicina Evolutiva, um campo em rápido crescimento e que usa o conhecimento da biologia evolutiva para melhor compreender, prevenir e as tratar doenças.
Rui Diogo explicará de que forma é que a Medicina Evolutiva oferece uma melhor compreensão do funcionamento dos nossos corpos, um melhor entendimento das suas “imperfeições” que nos tornam particularmente vulneráveis a certas doenças ou mesmo a entender algumas lesões desportivas. Este campo do conhecimento médico é fundamental nas discussões sobre os antibióticos, as vacinas, a obesidade, entre outros assuntos da saúde humana.
“Mas a Medicina Evolutiva é igualmente um campo controverso, já que permanece à margem da educação pré-médica e médica nos Estados Unidos e noutros países, onde os estudantes de Medicina não são obrigados a aceitar a teoria da Evolução, e muitos não a aceitam mesmo.”, diz Rui Diogo.
“Também novos dados genéticos estão a ser usados – muitas vezes por pessoas sem conhecimento e formação científica adequadas, para tentar melhorar o corpo humano e construir “super-humanos”. Esta incompreensão da Ciência revive antigos preconceitos, para justificar o tratamento discriminatório de imigrantes e de outros grupos minoritários.”, acrescenta o cientista.
No Centro Ciência Viva de Lagos, Rui Diogo dar-nos-á uma compreensão da Medicina Evolutiva, nomeadamente do impacto do excesso de medicação, um problema atual nos Estados Unidos, sobre como a recente e crescente relutância de alguns médicos em prescrever antibióticos a bebés e da sua exposição deliberada a bactérias fecais das mães.
Rui Diogo discutirá ainda como os fatores ambientais no útero e em outros lugares podem ativar ou desativar os genes, levando à obesidade e outros problemas, e de como certos fatores genéticos podem nos deixar particularmente vulneráveis a certas doenças ou lesões desportivas.
“Além de ser uma referência científica mundial da Anatomia e Evolução, o Rui Diogo é um grande amigo do Centro Ciência Viva de Lagos, com quem já colabora há alguns anos e com quem temos atualmente um projeto de educação e divulgação da Ciência – o Centro está a imprimir em 3D modelos anatómicos de grandes símios – chimpanzé, gorila, bonobo e gibão.”, detalha Luís Azevedo Rodrigues, Diretor do Centro Ciência Viva de Lagos.
“Estes modelos e os protocolos educativos elaborados pela parceria entre o Ciência Viva de Lagos e Rui Diogo (do seu Visible Ape Project), serão utilizados no Uganda e Ruanda já a partir do próximo mês de Junho, em projetos de educação sobre Evolução e proteção ambiental, sendo esta uma parceria em que os cientistas e os profissionais de comunicação e educação de Ciência se juntam da melhor maneira.”, esclarece Luís Azevedo Rodrigues.
No sábado, dia 9 de abril, das 16h30 às 18h00 no Centro Ciência Viva de Lagos, será inaugurada a exposição “Texturas do Barlavento” de Andreia Rollot Miguel. Trata-se de um conjunto de obras que combinam as técnicas das artes plásticas e da joalharia, bem como modelos digitais 3D; este projecto foi realizado em parceria com o Centro Ciência Viva de Lagos.
“Se observar uma peça que realça a infinidade de texturas, outra secção centra-se numa única espécie de planta”, diz Andreia Rollot Miguel. “O estudo da vegetação do Barlavento Algarvio foi assumido como um caminho para a descoberta científica e aprendizagem técnica com vários momentos desafiantes”, acrescenta. “Também se pode descobrir nesta exposição amostras de plantas, exemplos diários da artista a sua técnica de exploração e impressões 3D”. Esta intersecção entre a produção artística e a ciência tem sido elementos-chave durante muitos momentos da sua vida, tanto ao nível das artes plásticas como na joalharia artística.
A artista escolheu utilizar elementos naturais como alvo de estudo e observação detalhada, na expectativa de que este conhecimento mais íntimo estimule a sua criatividade e, portanto, encoraje uma maior e melhor produção. Como o processo experimental artístico é geralmente privado, ela propõe-se agora partilhá-lo com os visitantes, guiando-os através da sua intimidade criativa.
O objectivo é que a investigação científica possa ser valorizada juntamente com a criação artística, como práticas que contribuem para o desenvolvimento e conhecimento, presentes ambas em muitos aspectos da nossa vida quotidiana. Além disso, existe também o objectivo subjacente de divulgar o indubitável valor inerente ao património do Barlavento Algarvio. Esta produção e exposição surgem graças ao apoio do Programa Garantir Cultura que financiou a artista.
CCV Lagos