Conselho Regional da Madeira da Mútua dos Pescadores

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Pescadores

A atividade da Mútua dos Pescadores desenvolve-se em todo o território nacional. No entanto, no que concerne à sua organização e intervenção esta cooperativa divide o território em seis zonas – Norte, Centro, Sul, Algarve, Açores e Madeira.

A cada zona corresponde o seu órgão estatutário – o Conselho Regional (CR) – constituído por representantes provenientes das comunidades locais, objetivando a análise das dinâmicas, as carências e as respostas a dar aos problemas colocados em cada território.

As reuniões anuais destes órgãos tiveram início em Sesimbra, com o Conselho Regional do Sul no dia 12 de fevereiro, o CR Norte no dia 26 de fevereiro, e o CR Madeira no dia 8 de março. A administração prestou contas relativamente ao exercício do ano de 2021, apreciou-se a atualidade do setor marítimo, das pescas e das comunidades ribeirinhas, tentando traçar linhas de trabalho para o corrente ano.

Depois das informações prestadas sobre a solidez e o crescimento da Mútua em 2021, fruto de uma gestão competente e criteriosa, os membros do CR da Madeira salientaram múltiplas preocupações que assolam as comunidades da região.

Importa registar que nos portos da região autónoma da Madeira descarregaram-se 5.015 toneladas (ton.) de pescado, em 2021, com um ligeiro crescimento de 3,3% face ao ano anterior. Valores muito abaixo da média nacional, onde se registaram aumentos de produção na casa dos 26%. Já o preço médio de 1º venda na região fixou-se em 2,73 euros/kg, quebrando 9,6% em relação a 2020.

As maiores quebras de produção registaram-se ao nível do espada-preto (-17,4%). Todas as outras espécies mais relevantes no arquipélago registaram aumentos importantes: atuns e similares (22%); carapau negrão (20%); cavala (18%); pargos (148%).

Para além das questões que são transversais a todo o território – escassez de força de trabalho, subida vertiginosa dos preços dos combustíveis, uma complexa carga burocrática, múltiplas questões de segurança, a evidente desvalorização social das profissões ligadas ao mar, necessidade de apoios à renovação da frota – existem matérias específicas da região autónoma que assumem especial relevância e preocupação.

Os dirigentes revelaram à Mútua a grave situação em que se encontra a pesca dirigida ao espada-preto, tendo em conta a urgente necessidade de renovação deste segmento da frota, amplamente ultrapassado e que já não oferece as condições necessária de segurança e habitabilidade a bordo que possam assegurar a continuidade, renovação geracional e o próprio futuro deste método de pesca tão simbólico na região.

Logo, apontam a necessidade de empreender diversas linhas de ação por forma a dar a conhecer o real estado deste segmento de pesca que ainda assegura muitas dezenas de postos de trabalho, garante um significativo encaixe económico na região e captura uma das espécies mais emblemáticas da região que, segundo os mesmos, deveria ser elevada a imagem de marca região, e selo de garantia que certifique a boa qualidade do pescado das águas da região, capturado de forma artesanal e, como tal, garantindo a sustentabilidade dos recursos.

Esta espécie, para além de ser muito procurada pelos turistas que visitam a Madeira, é uma grande base da alimentação da população local – logo, importa defender, projetar e valorizar. Os apelos são muitos, tanto ao governo regional como às autarquias locais, para que se criem apoios à renovação da frota, não só pelas razões já apontadas, mas também por razões de ordem energética tentando diminuir a “pegada ecológica” de embarcações pesadas e ultrapassadas, com motores que consomem demasiado combustível, algo incompatível com os tempos que vivemos.

Por outro lado, revelam-nos grandes preocupações com o estabelecimento de zonas interditas à pesca de tunídeos, num raio de 12 milhas em redor das Selvagens. Os pescadores entendem ser uma área demasiado vasta e que causará graves problemas ao setor.

Abordaram ainda as quotas reduzidas para a captura de certas espécies, bem como não deixaram de voltar a referir a crónica dificuldade de fazer sair o pescado fresco por via aérea, designadamente quando as capturas registam volumes com algum significado, fazendo rapidamente baixar o valor do produto.

Tendo em conta a celebração dos 80 anos da Mútua, os dirigentes da região afirmaram grande determinação na participação da iniciativa programada para comemorar esta efeméride na Madeira, no dia 8 de outubro, por considerarem que será um grande momento de afirmação não só da Mútua, mas uma grande oportunidade para refletir e debater o presente e o futuro do setor na região autónoma da Madeira.

A Mútua dos Pescadores continuará o seu périplo pelo país marítimo, confrontando e confrontando-se com a realidade concreta, dando visibilidade aos problemas identificados e contribuindo à sua medida para a resolução dos mesmos, acompanhando as transformações e as mutações diárias de um tempo que não se suspende – colocando constantemente novas questões a carecer de novas respostas.

https://www.mutuapescadores.pt/

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