Já é conhecido o projeto de eco-inovação alimentar, desenvolvido por jovens estudantes universitários, que vai representar Portugal na próxima edição do ECOTROPHELIA Europe, que decorrerá no próximo mês de outubro, na grande feira internacional do setor, a SIAL Paris. Handy Rice é um snack desidratado à base de arroz e yacon (tubérculo com origem nos Andes peruanos e já a ser produzido em Portugal, conhecido devido ao teor muito baixo de calorias e às suas propriedades prebióticas) e venceu a competição nacional, o Prémio ECOTROPHELIA Portugal 2022, que decorreu ontem no Centro de Congressos da Alfândega do Porto.
Organizada pela PortugalFoods, esta iniciativa, que vai na sexta edição, tem como objetivo distinguir a inovação, o espírito empreendedor e a competitividade do setor alimentar, lançando a estudantes, investigadores, professores e profissionais da indústria o repto de criarem produtos, inovadores e sustentáveis, que respondam às exigências e anseios dos consumidores e tenham capacidade de semear futuro.
O produto eco-inovador vencedor resulta do trabalho conjunto de estudantes do Departamento de Comunicação e Arte e do Departamento de Química da Universidade de Aveiro e da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. Handy Rice valoriza os subprodutos do yacon, através da utilização das raízes partidas resultantes da sua colheita, sendo o xarope deste produto uma solução eficaz para a sua rentabilização. O resíduo de polpa produzido durante a sua formulação é também utilizado nos snacks Handy Rice. Na embalagem são utilizados subprodutos do arroz, com a formulação de um filme biodegradável à base de amido.
O pódio do ECOTROPHELIA Portugal 2022 foi ainda ocupado por notEggo, um substituinte vegetal ao ovo, com forma e consistência a um ovo de galinha, desenvolvido pela Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa – produto que, Galiás, conquistou também o prémio “Born From Knowledge”, atribuído pela ANI – Agência Nacional de Inovação. Alunos da mesma instituição académica garantiram também o terceiro lugar desta prova nacional, com o produto MealBalls, almôndegas de vegetais com a incorporação de farinha de inseto. Ao todo, estiveram a concurso oito equipas finalistas.
João Miranda, destacado conhecedor e “fazedor” do setor agroalimentar nacional, embaixador do Prémio ECOTROPELIA Portugal, refere: “Sem exceção, voltamos, mais uma vez, a constatar a enorme qualidade dos projetos, pensados e desenvolvidos por jovens estudantes das universidades e politécnicos nacionais, que se apresentaram a concurso. A visão e a criatividade a eles subjacente são dignas de nota e aqui se vê, mais uma vez, a capacidade que as gerações mais jovens têm de questionar o status quo da indústria e imprimir velocidade à inovação, com foco na sustentabilidade ambiental e social. Pelo contexto altamente dinâmico em que se insere, de transformação contínua, e pelas exigências impostas pelos consumidores (cada vez mais sofisticados e preocupados com o seu bem-estar e com os temas que dizem respeito ao impacto do seu consumo), o setor agroalimentar necessita de ser constantemente desafiado e provocado. Esse tem sido o principal mérito desta competição nacional e os projetos a concurso nesta sexta edição revelam, de novo, que o Sistema Científico e Tecnológico português está fervilhante de ideias e de conceitos, capazes de lançar a indústria nacional no caminho da competitividade e do futuro.”
Por sua vez, Deolinda Silva, Diretora Executiva da PortugalFoods, afirma: “Com sucesso, esta nova edição do ECOTROPHELIA Portugal mostra que a relação entre a indústria e a academia está cada vez mais forte. Quando olhamos para as ‘lutas’ dos mais jovens, vemos que a geração de valor – económico, social, ambiental – está no centro das suas aspirações, no sentido em que querem fazer a diferença. Garantir a força deste ecossistema, inovador e colaborativo, é também a missão deste prémio.”
À sexta edição do ECOTROPHELIA Portugal concorreram, no total, 15 equipas, constituídos por cerca de 60 alunos provenientes de instituições de ensino superior de Norte a Sul do País – das quais se destacam as que garantiram presença entre as equipas que chegaram à final: Faculdade de Ciências e Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa, Instituto Superior de Engenharia do Porto, Departamento de Química e Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro, Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa, Escola de Engenharia da Universidade do Minho, Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa e Instituto Português de Administração de Marketing.
Os oito projetos finalistas que integraram esta competição nacional foram avaliados por um conjunto de especialistas em inovação alimentar e stakeholders ligados ao setor que tiveram a missão de escolher os três produtos eco-inovadores que subiram ao pódio: Paula Bico (Direção-Geral da Alimentação e Veterinária), Miguel Antunes (Agência Nacional de Inovação), Lorenzo Pastrana (INL – International Nanotechnology Laboratory), Helena Real (Associação Portuguesa de Nutrição), Ildefonso Martins (Aveleda), Cláudia Lopes (Bel), Fátima Carvalho (Primor), Vergílio Folhadela (RAR Holding), Ana Machado Silva (SONAE), Joana Queirós (Super Bock Group), Rui Costa Lima (Sensetest), Carlos Coelho (Ivity Brand Corp), Vasco Sousa (Aliados), Rui Sousa (MarketAccess), Cláudia Figueira (Diverge), Alexandra Prado Coelho (Público) e Renato Cunha (chef restaurante Ferrugem).
Handy Rice o projeto eco-inovador que conquistou a primeira posição nesta 6ª edição, vai representar Portugal na competição europeia, ECOTROPHELIA Europe 2022, que decorrerá durante a SIAL Paris, entre 15 a 19 de outubro. Além da equipa portuguesa, estarão a concurso projetos de outros 15 países que promovem a competição de inovação alimentar dirigida a estudantes do ensino superior: Alemanha, Bélgica, Croácia, Dinamarca, Eslovénia, Espanha, França, Grécia, Holanda, Hungria, Islândia, Itália, Lituânia, Reino Unido, Roménia e Sérvia. Recorde-se que, em 2020, o projeto OrangeBee, preparado fermentado de aquafaba desenvolvido por duas alunas da Universidade de Aveiro, foi o grande vencedor do prémio internacional, elevando o conhecimento, a capacidade de inovação, o empreendedorismo e a capacidade competitiva do setor agroalimentarnacionaisa nível europeu.
Promovido e organizado desde 2017 pela PortugalFoods, o Prémio ECOTROPHELIA Portugal decorre com o apoio de várias entidades do setor agroalimentar e com o Alto Patrocínio da Presidência da República, tendo como ambição promover a inovação, empreendedorismo e competitividade no setor agroalimentar a nível nacional e europeu, reunindo e desafiando estudantes, professores, investigadores e profissionais do setor a desenvolver os produtos eco-inovadores do futuro – do conceito, formulação, produção, packaging até aos planos de marketing, negócio e vendas, sem descurar as vertentes nutricional e sensorial.
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