Vencedor do Prémio MSD Maria José Nogueira Pinto 2022 quer “Integrar+”

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  • “Integrar+” é um projeto desenvolvido pelo Centro Social Paroquial de Santa Margarida de Abrã;
  • O objetivo é quebrar os ciclos de pobreza, numa zona rural, marcada pelo isolamento social, envelhecimento e exclusão social;
  • A criação da lavandaria social “Integrar+” pretende promover a integração de famílias carenciadas em situação de desemprego no mercado de trabalho;
  • A participação destas famílias na lavandaria é reconvertida em créditos que são trocados por roupa nas lojas sociais da instituição ou alimentos na mercearia social.

“Integrar+” é o grande vencedor da 10.ª Edição do Prémio MSD | Maria José Nogueira Pinto. Desenvolvido pelo Centro Social Paroquial de Santa Margarida de Abrã, o projeto ambiciona quebrar os ciclos de pobreza que se repetem de geração em geração, com a criação de uma lavandaria social para promover a integração de famílias carenciadas, em situação de desemprego, no mercado de trabalho.

Por ser a iniciativa que melhor corresponde ao conceito de “socialmente responsável na comunidade onde nos inserimos”, defendido por Maria José Nogueira Pinto, o projeto mereceu a distinção do júri do Prémio, presidido pela Dr.ª Maria de Belém Roseira.

Pensado para freguesia de Abrã, uma zona rural do interior do Conselho de Santarém, pautada pelo isolamento social, envelhecimento e exclusão social, como sinaliza o Diagnóstico Social do Município de Santarém, o projeto “Integrar+” pretende capacitar 30 famílias de contextos socioeconómicos desfavorecidos com competências de empregabilidade e autonomia, com o propósito de minimizar o problema da exclusão socioprofissional, integrando, pelo menos, 50% no mercado de trabalho no primeiro ano.

Naquela região, onde não existe uma lavandaria e a população se desloca até concelhos vizinhos para ter acesso ao serviço de tratamento de roupa, a criação deste negócio comercial será o meio de demonstração, a toda a comunidade, das capacidades de empregabilidade destas pessoas mais carenciadas, reforçando a autonomia, autoestima e responsabilidade das famílias apoiadas pelo projeto.

A iniciativa proporciona ainda a oferta de serviços a preços reduzidos à população mais carenciada e à comunidade sénior, uma vez que a participação das famílias na lavandaria é reconvertida, automaticamente, em créditos que são trocados por roupa nas lojas sociais da instituição ou alimentos na mercearia social.

O montante do prémio vai permitir a aquisição das máquinas e mobiliário para equipar a Lavandaria Social, dando, assim, início ao projeto “Integrar+” na freguesia de Abrã.

Nesta edição, o Júri atribuiu ainda quatro Menções Honrosas aos seguintes projetos: “Direito ao Esquecimento”, da Acreditar – Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro, em Lisboa; “Aprender a crescer”, da Associação Mais Proximidade Melhor Vida, em Lisboa; “Unidade de Alzheimer – Dragoeiro”, do Centro Social e Paroquial de São Bento da Ribeira Brava, na Madeira; e “Arte Redonda – espaço de descoberta das Artes Visuais”, da Escola Dramática e Musical de Milheirós Maia, no Porto.

Este ano, o Prémio MSD | Maria José Nogueira Pinto em Responsabilidade Social validou, uma vez mais, dezenas de candidaturas de projetos inseridos em várias áreas de intervenção social, desenvolvidos em território nacional e ilhas.

A Cerimónia Pública de Atribuição da 10.ª Edição do Prémio MSD | Maria José Nogueira Pinto realiza-se hoje, dia 6 de julho, no Centro Cultural de Belém – Auditório Luís de Freitas Branco, pelas 17H00.

O Prémio MSD | Maria José Nogueira Pinto é atribuído anualmente com o valor pecuniário de 10.000€ ao Grande Vencedor e 1.000€ a cada uma das Menções Honrosas. Instituído em 2012 pela MSD, o Prémio pretende distinguir o trabalho desenvolvido por pessoas, individuais ou coletivas, que se tenham destacado no contexto da responsabilidade social.

Descrição dos projetos distinguidos:

Prémio Vencedor

Integrar+, do Centro Social Paroquial de Santa Margarida de Abrã.

O Centro Social Paroquial de Santa Margarida de Abrã está situado numa zona rural do interior do Concelho de Santarém, uma região pautada pelo isolamento social, envelhecimento e exclusão social. Para quebrar os ciclos de pobreza que se repetem de geração em geração, o projeto “Integrar+” pretende criar uma lavandaria e uma mercearia sociais. A “Lavandaria Social” funcionará com o objetivo principal de promover a integração de famílias carenciadas em situação de desemprego no mercado de trabalho. A participação das famílias na lavandaria é reconvertida em créditos que são trocados por roupa nas lojas sociais da instituição ou alimentos na mercearia social – uma forma alternativa de distribuir às famílias alimentos, com a particularidade de estes poderem ser escolhidos pelas próprias pessoas. Esta modalidade garante mais participação, escolha e dignidade aos agregados familiares. Espera-se capacitar 30 famílias de contextos socioeconómicos desfavorecidos, integrando, pelo menos, 50% no mercado de trabalho no primeiro ano de projeto.

Primeira Menção Honrosa

“Direito ao Esquecimento”, da Acreditar – Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro

Em Portugal, todos os anos são diagnosticados cerca de 400 casos de cancro pediátrico, sendo que 80% sobrevive. Muitos destes sobreviventes viverão com sequelas decorrentes da doença e dos tratamentos e com o estigma de uma doença grave. A discriminação financeira é prova disso: vários sobreviventes de cancro pediátrico não conseguem obter acesso a crédito e comprar casa por terem tido cancro. As desigualdades que se encontram no acesso a produtos financeiros são diversas: dificuldade e condições penalizadoras na contratação de crédito de habitação; de crédito ao consumidor e seguros obrigatórios ou facultativos associados aos créditos anteriores; aumento de prémio de seguro; exclusão de garantias de contractos de seguro; entre outras. Após a sensibilização para vários testemunhos de sobreviventes levada a cabo pela Acreditar, entrou em vigor, em 2022, a lei n.º 75/2021 de 18 de novembro, que reforça o acesso ao crédito e contractos de seguros por pessoas que tenham superado ou mitigado situações de risco agravado de saúde ou de deficiência, proibindo práticas discriminatórias e consagrando o direito ao esquecimento. No entanto, falta ainda a sua regulamentação. Por isso, a Acreditar continua a trabalhar nesse sentido junto dos decisores políticos, diretamente e através dos OCS.

Segunda Menção Honrosa

“Aprender a crescer”, da Associação Mais Proximidade Melhor Vida

O isolamento e solidão sentidos pela população idosa são em grande parte justificados pela morte de amigos e familiares que resultam, posteriormente, numa falta de rede de apoios. Para contrariar esta tendência, o projeto “Aprender a crescer” pretende consciencializar os mais jovens para a importância do acompanhamento aos mais idosos e do seu papel enquanto futuros cuidadores, idosos e candidatos a voluntários. A desconstrução de preconceitos associados à idade, a promoção da participação cívica das crianças e jovens em ações de voluntariado e a transmissão de informação relativa ao cuidado de idosos são também objetivos que o projeto pretende alcançar. As sessões de sensibilização podem ter a duração de 45min ou 90min, consoante a idade dos alunos e o tempo disponibilizado. A primeira metade do tempo destina-se a uma breve contextualização da Associação e à introdução da temática do envelhecimento e, na segunda parte, são promovidas dinâmicas (através de casos práticos ou questões sobre a desconstrução de preconceitos), que promovem o espírito crítico, a exposição e discussão de ideias, entre outros.

Terceira Menção Honrosa

“Unidade de Alzheimer – Dragoeiro”, do Centro Social e Paroquial de São Bento da Ribeira Brava

Na sequência do aumento significativo das demências, nomeadamente a Doença de Alzheimer, o Centro Social e Paroquial de São Bento da Ribeira Brava, na Madeira, desenvolveu, em 2021, a Unidade de Alzheimer – Dragoeiro, com duas respostas sociais: a Unidade de Internamento, com capacidade para 18 utentes, que se destina ao acolhimento residencial de doentes com Alzheimer, de caráter temporário ou permanente, com vista a que sejam satisfeitas as suas necessidades biopsicossociais. Este espaço permite a manutenção da identidade dos residentes e proporciona sentimentos de segurança física, emocional e bem-estar. O ambiente projetado teve, por isso, em consideração as especificidades da doença e a identificação com o meio habitual de vida; e a Unidade de Dia, com capacidade para 45 utentes, que consiste na prestação de um conjunto de cuidados e serviços, que contribuem para a manutenção das pessoas com Doença de Alzheimer no seu meio sociofamiliar.

A Unidade de Alzheimer integra uma equipa técnica multidisciplinar com especialistas de Gerontologia, Neurologia, Psicomotricidade, Psicologia, Enfermagem, Educação Física, Reabilitação e Fisioterapia, um conjunto de especialidades que, com uma metodologia transdisciplinar, prestam aos utentes os cuidados e estímulos específicos que cada um requer.

Quarta Menção Honrosa

“Arte Redonda – espaço de descoberta das Artes Visuais”, da Escola Dramática e Musical de Milheirós da Maia.

Reforçar a identidade cultural e o envolvimento cívico da comunidade é o propósito que fundamenta o projeto “Arte Redonda – espaço de descoberta das Artes Visuais”, na vertente da escultura e atividades manuais, com a missão de criar, apoiar e promover uma comunidade inclusiva, transformando e enriquecendo a vida das pessoas através da experiência compartilhada das artes. O projeto oferecerá a todos os que demonstrem interesse nesta área o ensejo para desenvolverem o seu potencial criativo, transferindo-lhes o conhecimento sobre as diversas técnicas e a oportunidade de cocriarem na produção de obras de arte a serem instaladas em diversos espaços públicos da freguesia, nomeadamente nas escolas, praças, jardins e logradouros, previamente identificados e definidos em articulação com a Autarquia Local. Desta forma, as obras são inseridas na paisagem urbana, permitindo a sua visitação continuada e tornando o ambiente mais agradável e esteticamente mais interessante. Em exercício de plena cidadania, cada participante executará partes das obras, fazendo com que todos se sintam pertencentes à comunidade e que o seu envolvimento e comprometimento são determinantes para a realização do trabalho. Junto das obras serão instaladas placas com o nome de todos os envolvidos, testemunho de que são coautores das mesmas, com uma participação concreta na execução de um projeto coletivo.

Assente no conceito de arte participativa, colaborativa e comunitária, será desenvolvido em ambiente de residência artística nas instalações da Escola Dramática e Musical de Milheirós Maia (EDMMM) e sob a direção do artista plástico Manuel Ribeiro. Com esta aproximação da arte ao contexto social, pretende-se também criar a oportunidade para artistas e instituição se relacionarem com o quotidiano da população.

BCW