Mario Lucio anuncia novo álbum “Migrants”

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O músico, compositor, escritor e ex-ministro da Cultura de cabo-verde, antecipa o novo disco com o lançamento da faixa-título “Migrants (shakespearience)”. A tour do artista passa ainda pelo Festival MIMO no Porto, a 23 de setembro.

Com 9 álbuns editados desde 1995, Mario Lucio é uma das figuras mais reconhecidas da cena cultural e musical cabo-verdiana. O artista que dá voz à Morna, Funaná, Batuque e Coladeira, com uma componente lírica inigualável começa a desvendar o novo álbum que vai ser editado a 18 de novembro em CD e vinil.

“Migrants (shakespearience)” é a faixa que dá nome ao novo disco de Mario Lucio. “A saga da Humanidade começou há 65 mil anos com as primeiras migrações. Migrar é, portanto, sinónimo de Humanidade. Viemos todos da mesma partida. Essa epopeia fantástica formou o que nós somos hoje: pessoas de diversas cores e feições habitando o Planeta. Porém, hoje, migrar, para muitos, é sinónimo de drama. Migração soa a sofrimento”. Sendo que a migração é o início da sociedade como a vemos, é também o nome do primeiro tema a ser revelado do novo disco. O tema surge numa história que o artista leu no jornal sobre um barco de migrantes avistado por um navio cruzeiro próximo das Ilhas Canárias. “O navio desviou-se para os socorrer, mas já não havia vidas a salvar. Os corpos foram recolhidos e levados para a terra. O insólito aconteceu então, quando os turistas recorreram ao tribunal para solicitar uma indemnização, porque o incidente lhes tinhas estragado as férias” conta o artista. “Migrants (shakespearience)” nasce assim “em referência ao drama do ser humano. Catorze anos depois, para alertar o Mundo que a tragédia continua no Mediterrâneo, no Atlântico, onde milhares de crianças, mulheres e homens perdem a vida todos os anos”, explica Mario Lucio “Cantar é uma forma de protesto, é uma luta contra o olvido, é um acto de fé e de esperança.”

Com 9 álbuns editados desde 1995, Mario Lucio tornou-se uma referência na música e na cultura de Cabo Verde elevando a sua arte internacionalmente, com as suas composições interpretadas tanto por Cesária Évora como pela nova geração de cantores emergentes e consagrados de Cabo-Verde. Encontrámo-lo ainda na voz de Djavan, Youssu Ndour, Gilberto Gil, Mayra Andrade, Toumani Diabate ou Teresa Salgueiro a cantar e gravar originais seus. Paralelamente à sua carreira na música, Mario foi ainda Ministro da Cultura e das Artes em Cabo Verde, de 2011 a 2016, publicou vários livros e poesias e acumula prémios como Womex – Personalidade do ano, em 2014; o Prémio
Miguel Torga, em 2015; Prémio PEN Clube de Literatura para melhor Romance em Português, em 2016.

O décimo álbum da carreira do artista é um gesto de encontros. É o primeiro trabalho a quem Mario Lucio entrega os arranjos e a produção musical a um europeu, neste caso, o português Rui Ferreira, músico multi-instrumentista do Porto, e gravado no estúdio Antena 0. “Queria, neste álbum, que a minha alma fosse lida pelo Outro”, conta Mario Lucio. O conceito de mistura, diálogo e harmonia entre as culturas é o mote deste trabalho, rompendo os conceitos de fronteiras, barreiras de línguas, cor, religião ou nação, sendo um disco universal ao trazer novas sonoridades à música de Cabo Verde, guardando sempre a sua alma, com um toque mais atual.

O primeiro single “Migrants (shakespearience)”, que agora estreia nas plataformas digitais, vem acompanhado de um videoclipe por André Sousa e João Monteiro. Paralelamente, Mario Lucio começa a tour de apresentação do álbum com datas marcadas a partir do mês de Setembro, com início em Cabo Verde, passando ainda pelo festival Mimo no Porto, a 23 de setembro, e com mais datas a serem apresentadas brevemente.

MediaSounds