Há palcos de diversos tipos e tamanhos. Um palco pressupõe uma performance para um determinado número de indivíduos. É um palanque que eleva os/as performáticos/as de modo a serem vistos/as pelo público.
Consoante cada tipo de performance há um público, pois ir ver e aplaudir performances (sejam elas quais forem) faz parte da humanidade desde sempre. Pressupõe acção humana dos dois lados. Pessoas.
Há pessoas que vivem de palco, para o palco, no palco. Há pessoas que sonham com a oportunidade de pisar um, ou mais: têm fome e sede de palco. Há pessoas que vivem como se estivessem em palco, até a dormir. Há pessoas com medo de palco, ou do escrutínio que este permite. E depois há pessoas que, querendo ser mecenas, fazem de outras pessoas patrocinadores/as involuntários/as de megalómanos palcos que se formos a ver, nem foram pedidos nessas condições.
Não tenho nada contra festas, nem palcos, pelo contrário. Não obstante, num país em que as pessoas estão aflitas com a habitação, a saúde, a educação, a alimentação, com a energia – importa mais o pão. Importa o bom senso. Importa o bom gosto. Nem toda a gente será público, para pagar bilhete. E esses valores magoam quem luta para se manter. E é muita gente, quase toda a gente.
Relativamente ao pressuposto retorno: ninguém garante que se houver, fica no país. Não sei que ventos sopram nos bastidores, mas eu voto no laicismo, sem prejuízo para as orientações de cada qual – o resto se não é, devia ser ofensivo, até para quem vai estar lá em cima.