Artista plástico de grande craveira e programador cultural de enorme experiência, cujo nome se confunde com a arte contemporânea da região, influenciou várias gerações de artistas
O Município de Faro aprovou em reunião de câmara desta segunda-feira, dia 10 de abril, um voto de pesar pelo falecimento do artista plástico farense Manuel Baptista.
Nascido em Faro em 1936, Manuel Baptista cedo se dedicou às artes, tendo entrado na Escola de Belas Artes, primeiro para Arquitetura e mais tarde para Pintura. Ainda em Faro, expôs nas montras da Livraria Silva e no Círculo Cultural do Algarve nos finais dos anos 50, seguindo uma estética mais virada para o neorealismo. Depois da formação académica, viveu em Paris como bolseiro, tendo ainda passado por Itália e Alemanha, estabelecendo contactos com inúmeros artistas, colecionadores e galerias de renome.
Na década de 60, abraça a experiência da docência em Belas Artes, ao mesmo tempo que promove uma intensa atividade artística, com regulares exposições individuais, apresentando trabalhos em aguarelas e desenhos.
A partir de 1990, mais presente em Faro, dirigiu a programação cultural das galerias Trem e Arco, constituindo-se estes espaços como uma referência na arte contemporânea na região do Algarve e no País. Durante este período, numa colaboração constante com as mais prestigiadas galerias e colecionadores do país, Manuel Baptista traz até Faro o melhor da arte contemporânea nacional e internacional, bem como alguns dos mais reconhecidos artistas nacionais e vários internacionais. Paralelamente, Manuel Baptista continuou a produzir e organizar importantes exposições como aconteceu na Casa da Cerca em 1996 ou na Central Tejo em 2012, com o Fora de Escala.
Outra das paixões de Manuel Baptista foi o colecionismo, principalmente no universo dos brinquedos, da banda desenhada e dos postais, que tem merecido pontualmente a sua exibição, tendo a Autarquia adquirido no passado um conjunto vasto de brinquedos, muito deles autênticas raridades e que fazem parte da memória dos divertimentos de antigas gerações.
Atualmente, Manuel Baptista estava a participar ativamente na preparação de uma nova exposição na sua cidade natal, confirmando inclusivamente disponibilidade para a criação de novas obras. A exposição, que vai ter lugar no verão deste ano, no Museu Municipal de Faro e na galeria Trem, com a curadoria de João Pinharanda, será a oportunidade de rever as mais icónicas obras de Manuel Baptista ao longo da sua carreira e de render-lhe uma justa homenagem como um dos mais ilustres artistas plásticos da sua geração.
Além de artista plástico representado nas principais galerias e coleções de museus nacionais, Manuel Baptista foi igualmente um importante agente cultural da cidade e uma voz ativa e construtiva pelo desenvolvimento nas áreas da criatividade e da arte na região, influenciando várias gerações de artistas, que marcam a vida cultural e as dinâmicas académicas e associativas da cidade.
O reconhecimento de Manuel Baptista enquanto artista plástico de grande craveira e programador cultural de enorme experiência, cujo nome se confunde com a arte contemporânea da região, foi assinalado por vários prémios e honrarias, com destaque para o Prémio Autores da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), em 2012, e para a Medalha de Ouro da Autarquia de Faro, atribuída em 2018.
CM Faro