Dos sete construtores presentes na classe Hypercar, no Mundial de Resistência 2023, dois são nomes sonantes da indústria automóvel em grande série – Toyota e Peugeot. Ambas têm um enorme historial no Endurance, com muitas vitórias e títulos.
TOYOTA
A Toyota começou a temporada com uma vitória nas 1000 Milhas de Sebring. A marca nipónica tem dominado o WEC desde 2018, com títulos mundiais de Construtores e Pilotos consecutivos, para além de vitórias nas últimas cinco edições das 24 Horas de Le Mans, as duas últimas com o Hypercar GR010 Hybrid. O carro desenhado por Hisatake Murata (motor) e John Litjens (chassis) mantém para 2023 o V6 3,5 litros, duplo turbo, com tração às 4 rodas. Evoluções existem nos perfis da asa posterior e nas derivas na frente, bem como na gestão eletrónica, que deu algumas dores de cabeça nas primeiras versões, para além de novidades no sistema de travagem.
As equipas de pilotos mantiveram-se inalteradas e todos são campeões do mundo. No GR010 #7, que lidera o campeonato depois do triunfo em Sebring, José Maria Lopez é um titulados com o cetro no WEC (2020 e 2021), tendo vencido as 24 Horas de Le Mans em 2021. Antes, o argentino tinha ganho a F. Renault Itália (2002) e a F. Renault V6 Eurocup (2003), chegando a estar próximo da F1 com o projeto USF1 Team, que não passou do papel. De regresso ao país natal, foi campeão TC2000, Super TC2000 e Top Race V6, antes de voltar à Europa para correr no WTCC como piloto oficial da Citroen, conquistando três títulos mundiais (2014 a 2016). Passou para o WEC com a Toyota no ano seguinte.
Kamui Kobayashi acompanhou Lopez nos dois títulos e na vitória em Le Mans, tendo feito antes 75 GP de F1 entre 2009 e 2012, com Toyota, Sauber e Caterham, subindo uma vez ao pódio. O japonês é piloto da Toyota no WEC desde 2016.
Mike Conway completa o trio do #7. Está ligado à marca nipónica desde 2014, tendo vencido Le Mans em 2021 e terminado mais cinco vezes no pódio da maior clássica da resistência. Antes, o britânico foi uma esperança nos monolugares, tendo ganho o título britânico de F.3 em 2006 e o G.P. de Macau nesse mesmo ano. Ainda venceu uma corrida nos GP2, antes de atravessar o Atlântico para os IndyCar americanos, onde garantiu quatro triunfos, entre 2009 e 2014.
O Toyota #8 é guiado pelos atuais campeões em título. Sebastien Buemi entra no 12º ano com a Toyota/WEC, tendo ganho quatro edições das 24 Horas de Le Mans e sido campeão mundial por três vezes. Fez 55 GP de F1 com a Toro Rosso (2009 e 2011). Tem um título de Fórmula E (2016), campeonato onde continua a competir com a Envision Racing.
Brendon Hartley venceu a F. Renault 2.0 Eurocup em 2007 e até chegou à F1 (2017/2018, com a Toro Rosso). Mas foi no WEC onde mais deu nas vistas. Campeão do Mundo em 2015 e 2017 com a Porsche, que o ajudou também a triunfar nas 24 Horas de Le Mans 2017. Contratado pela Toyota em 2019, ganhou mais duas vezes Le Mans e conquistou outro título mundial em 2022.
Ryo Hirakawa é um produto das fileiras Toyota. Campeão japonês de F3 em 2012 e de SuperGT em 2017, continua a competir no país natal, na SuperFórmula. Entrou com o pé direito na equipa Toyota WEC, em 2022 – ceptro mundial e vitória em Le Mans.
PEUGEOT
O regresso da Peugeot às provas de Endurance após uma década de pausa desde os 908, faz-se com o projeto 9×8, carro com um conceito diferente, criado pela equipa liderada por Vadim Glica. Como o regulamento só permite um elemento aerodinâmico móvel, a Peugeot abdicou da asa posterior, sendo o difusor a assegurar a maior parte do apoio na saída dos túneis Venturi (asa invertida) debaixo do carro. O motor é um V6 duplo turbo de 2,6 litros, com um sistema híbrido (Peugeot Hybrid4) que passa a potência às rodas dianteiras. Estreados na prova de Monza, em 2022, os resultados do dois 9×8 têm sido parcos, ainda sem qualquer pódio.
No #93 vamos encontrar Jean-Éric Vergne, que depois de vencer o título britânico de Fórmula 3 e ser segundo na F. Renault 3.5, chegou à Fórmula 1 em 2012, com a Toro Rosso, onde ficou até 2014, conseguindo pontuar 14 vezes. O francês rumou à Fórmula E, onde se mantém como piloto da DS Penske, tendo sido campeão em 2018 e 2019. Ao mesmo tempo, conseguiu bons resultados no ELMS e no WEC, na categoria LMP2.
Paul di Resta fez 59 GP de F1, depois de ter sido campeão DTM em 2010. Nos últimos anos, o britânico realizou várias corridas de resistência com os LMP2 da United Autosport, até em parceria com Filipe Albuquerque.
Menos conhecido, Mikkel Jensen venceu a Fórmula Masters germânica em 2014, mas acabou por não vingar na F3. Em 2016, o dinamarquês converteu-se ao ELMS, primeiro com os GT e depois com os LMP3, sendo campeão desta última classe, em 2019, e dos IMSA-LMP2, em 2021.
No Peugeot #94, Loic Duval tem o melhor palmarés. O francês foi Campeão do Mundo no WEC em 2013 com a Audi, ano em que venceu as 24 Horas de Le Mans. Isso, depois de uma carreira nos monolugares onde garantiu títulos na F. Campus França (2002), F. Renault 2000 França (2003) e F. Nippon (2009). Ganhou, também, os SuperGT nipónicos em 2010.
O americano Gustavo Menezes tem como principal resultado o título LMP2 com a Alpine, no WEC 2016, a que soma três pódios à geral nas 24 Horas de Le Mans, com a Rebellion.
Nico Muller deu nas vistas em 2009 ao triunfar na F. Renault 2000 da Suíça natal. Deixou os monolugares em 2014, vencendo nesse ano as 24 Horas de Nurburgring com um Audi.. Sempre com a marca alemã, passou pelo DTM (2.º em 2019 e 2020) e as provas de GT, antes de aceitar o desafio da Peugeot/WEC.
AIA Portimão