O biólogo Jorge Paiva é o próximo convidado do ciclo “Horizontes do Futuro” e tem encontro marcado com o público para a próxima quinta-feira, 25 de maio, pelas 21h00, no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Loulé, para uma apresentação sobre “As Plantas na Obra Poética de Camões (épica e lírica)”. A sessão é moderada pelo arquiteto paisagista Fernando Pessoa.
A obra de Camões está repleta de referências a plantas. Na época camoniana, as plantas mais conhecidas e citadas na literatura, não eram tanto as plantas comestíveis ou ornamentais, mas mais as plantas medicinais. Como “Os Lusíadas” foram escritos, quase na totalidade, no Oriente e centrados nos Descobrimentos, tem como base as plantas asiáticas, particularmente especiarias e medicinais; a Lírica como foi, maioritariamente, escrita em Portugal e centrada no amor e paixão, as plantas referidas são europeias, particularmente as flores.
Nesta palestra serão abordadas algumas das plantas mais invulgares referidas n’”Os Lusíadas” e praticamente todas as citadas na Lírica. Aliás, é n’”Os Lusíadas” que o poeta mais plantas menciona (cerca de cinco dezenas), na maioria asiáticas e aromáticas. Na Lírica refere muito menos espécies de plantas (cerca de três dezenas e meia), maioritariamente, europeias campestres e ornamentais.”
Jorge Paiva é licenciado em Ciências Biológicas, pela Universidade de Coimbra, e doutorado em Biologia, pelo Departamento de Recursos Naturais e Medio Ambiente da Universidade de Vigo (Espanha). Aposentado, tendo sido investigador principal no Departamento de Botânica da Universidade de Coimbra, onde lecionou algumas disciplinas, tendo também lecionado, como professor convidado, em diversas universidades do país e Espanha.
Como bolseiro do Instituto Nacional de Investigação Científica, trabalhou durante três anos em Londres nos Jardins de Kew e na Secção de História Natural do Museu Britânico. Como fito taxonomista tem percorrido a Europa, particularmente a Península Ibérica, Ilhas Macaronésias, África, América do Sul e Ásia, tendo também já visitado a Austrália. Pertenceu à Comissão Editorial e Redatorial da Flora Ibérica (Portugal e Espanha) e da Flora de Cabo Verde, assim como de algumas revistas científicas. Tem integrado grupos internacionais de investigadores em estudos e colheitas de material de campo, não só na Península Ibérica, como também em países africanos, asiáticos e americanos. Dos trabalhos de taxonomia em que colaborou como coautor, o “Catalogue des Plantes Vasculaires du Nord du Maroc” foi galardoado pela OPTIMA (Organization for the Phyto-Taxonomic Investigation of the Mediterranean Area) com a Medalha de Prata, como o melhor trabalho sobre Flora Mediterrânica, publicado em 2003. Como palinologista colaborou com entidades apícolas e com os Serviços de Pneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, tendo sido distinguidos dois dos trabalhos que elaborou em colaboração com o corpo clínico desta Faculdade com o 1º Prémio da Sociedade Portuguesa de Patologia Respiratória. Como ambientalista, é muito conhecido pela defesa intransigente do meio ambiente, sendo membro ativo de várias associações e comissões nacionais e estrangeiras. Foi distinguida, em 1993, com o Prémio “Nacional” da Quercus (Associação Nacional de Conservação da Natureza); em 2005, com o Prémio “Carreira” da Confederação Nacional das Associações de Defesa do Ambiente; em 2005, com o Prémio “Amigos do Prosepe” pelo Prosepe (Projeto de Sensibilização da População Escolar) e em 2001 e 2002, com as menções honrosas dos respetivos Prémios Nacionais do Ambiente “Fernando Pereira”, conferidas pela Confederação Nacional das Associações de Defesa do Ambiente.
CM Loulé