Foi debaixo de um calor tipicamente algarvio que pilotos e equipas do FIM JuniorGP enfrentaram este Domingo uma longa e animada jornada de corridas no Autódromo Internacional do Algarve. Seis corridas que se revelaram intensas, imprevisíveis e típicas de um campeonato muito competitivo como é o FIM JuniorGP e ao mesmo tempo reveladoras do nome de alguns dos heróis do motociclismo mundial num futuro próximo.
RITMO LOUCO
A classe Moto3, que aqui tem o nome de JuniorGP, é sempre sinónimo de grandes lutas em pista, muitas trocas de posições e decisões apenas na bandeira de xadrêz. As duas corridas realizadas no Autódromo Internacional do Algarve não foram excepção e foi mesmo com o final das 15 voltas que se conheceram os vencedores. No primeiro duelo foram sete os pilotos que ficaram separados por menos de um segundo e depois de uma intensa e louca derradeira volta foi Xavi Zurutuza o vencedor na frente de Tatchakorn Buasri que perdeu a vitória com a meta já no horizonte por apenas 55 milésimas de segundo e na frente de um ‘herói’ Luca Lunetta que depois de ser forçado a arrancar no final da grelha de partida – ele tinha conquistado a ‘pole’ – devido a um problema com a sua moto, encetou uma fantástica recuperação que o colocou no grupo da frente já no derradeiro terço da corrida. O italiano ficou a 131 milésimas do primeiro e na frente de David Almansa, este a 159 milésimas de segundo do primeiro lugar.
Na segunda corrida foram três os protagonistas que deixaram tudo por decidir nas duas derradeiras curvas. Ángel Piqueras parecia ter a vitória ao seu alcance mas uma escorregadela da roda traseira da sua moto na saída da Curva 14 deixou-o sob a ataque de Joel Esteban que o passou de imediato. Piqueras ainda tentou a manobra impossível ao tentar passar Esteban por fora na derradeira curva do circuito mas este conseguiu mesmo a sua primeira vitória no campeonato com apenas 13 milésimas de segundo de vantagem sobre o rival e 101 milésimas perante David Almansa.
No campeonato Ángel Piqueras lidera com 54 pontos de vantagem sobre Álvaro Carpe, este com apenas 10 para gerir face a Luca Lunetta.
A MESMA SENNA
Tal como tinha feito aquando da primeira prova do campeonato o australiano Senna Agius foi o grande dominador do fim-de-semana algarvio do Europeu Moto2 ao conseguir não apenas a ‘pole’ para as duas corridas realizadas mas também uma dupla vitória que o catapultou na liderança do campeonato para uma vantagem de 61 pontos face ao rival mais próximo.
No arranque para a primeira corrida o piloto da Kalex encontrou no italiano Alberto Surra o seu principal rival depois de Carlos Tatay ter caído na Curva 1 ainda com a corrida na sua fase inicial. Agius procurava ganhar vantagem sobre a concorrência mas Surra estava apostado em lutar pela vitória e foi isso mesmo que ameaçou ao passar para a frente do piloto da formação alemã que defende as cores da Husqvarna. Mas Surra tinha que cumprir uma Long Lap e quando o fez desceu ao quinto posto para recuperar de novo até ao segundo lugar. Agius estava já longe e com bom ritmo e Surra foi mesmo o segundo na frente de um grupo onde estavam igualmente Xavier Cardelús, o terceiro, Marco Tapia e Roberto Garcia.
Na segunda corrida viu a diferença para o segundo ser reduzida a metade – terminou com 5 segundos e meio de vantagem – mas voltou a dominar a corrida para dobrar a vitória e fechar o fim-de-semana algarvio com mais uma pontuação máxima e um título Europeu Moto2 que parece estar cada vez mais nas suas mãos. Xavier Cardelús foi desta feita o segundo depois de conseguir ganhar alguma vantagem sobre Roberto Garcia que ao ser terceiro conseguiu o seu primeiro pódio no Europeu Moto2. A três foi a discussão pelo quarto posto e na linha de meta foi Marco Tapia quem levou a melhor sobre Alberto Surra e Piotr Biesiekirski.
Com estes resultados Cardelús subiu ao segundo posto do campeonato, longe de Agius, mas com margem curta para Mattia Rato e Yeray Ruiz, sendo claro que a diferença em 2023 está a ser feita pelo próprio Senna Agius.
NA ÚLTIMA CURVA
Com corrida única no fim-de-semana algarvio a corrida reservada ao irrequieto pelotão da European Talent Cup ficou marcado pela decisão nos curtos metros que separam a última curva da linha de meta, o final épico de uma derradeira volta que viu logo no seu início da mesma o comandante – Máximo Quilles – cair quando a vitória estava nas suas mãos e deixou a ‘porta aberta’ aos quatro pilotos que o perseguiam. Rico Salmela, Casey O’Gorman, Dodó Boggio e Guido Pini formaram esse mesmo quarteto e na saída da última curva Guido Pini perdeu a liderança para Dodó Boggio e também o segundo posto para Casey O´Gorman num final típico do Autódromo Internacional do Algarve onde liderar na entrada para a recta da meta não significa vencer. Boggio foi o primeiro com 48 milésimas de vantagem sobre O’Gorman, Guido Pini agarrou o pódio a 71 milésimas do vencedor e com apenas 11 milésimas de vantagem face a Rico Salmela que chegou igualmente a ser líder na derradeira passagem aos 4592 metros da ‘montanha-russa’.
Máximo Quilles e Brian Uriarte ficaram ambos em branco no fim-de-semana algarvio mas continuam na frente do campeonato separados por apenas 1 pontos. Com a vitória conseguida no AIA Dodó Boggio está agora a 29 pontos do primeiro e Guido Pini a 34.
PREVISTA
Mais do que justificada e prevista foi a vitória de Daniel Muñoz nas Stock 600, classe que surgiu pela primeira vez no campeonato em 2023 e que tem cunho de campeonato europeu. Autor da ‘pole’ o piloto da Yamaha foi quem mais destacado venceu no fim-de-semana algarvio e no final das 16 voltas realizadas ao traçado ‘abraçou’ a bandeira de xadrêz com mais de 17 segundos de vantagem sobre Eric Fernandéz, um igualmente isolado segundo classificado. Mais animação houve na discussão pelo terceiro lugar onde Marco Garcia acabou por ser mesmo o terceiro ao bater sobre a linha de meta Archie Mcdonald. Gonçalo Ribeiro alinhou na grelha de partida da classe mas abandonou logo após as quatro primeiras voltas.
Nas contas do campeonato o primeiro é um destacado Daniel Muñoz com 30 pontos de margem sobre Eric Fernandéz.
O calor e as boas corridas marcaram assim a passagem do FIM JuniorGP pelo asfalto do Autódromo Internacional do Algarve, ‘palco’ que no próximo fim-de-semana volta a ser exclusivo das motos ao acolher aquela que será a terceira ronda do campeonato nacional de velocidade.
AIA Portimão
