O Movimento Salvar as Alagoas Brancas e várias ONG ‘s portuguesas reúnem-se esta segunda-feira, 28 de Agosto, com o Ministro do Ambiente e da Acção Climática, Duarte Cordeiro.
O movimento irá deslocar-se a Lisboa, à Secretaria-Geral do Ministério do Ambiente e da Acção Climática, na rua de O Século, com o objectivo de que o Ministro Duarte Cordeiro se posicione no sentido de salvar as Alagoas Brancas e mudar o loteamento do sítio.
A petição “Salvar a zona húmida das Alagoas Brancas” já conta acima de 7500 assinaturas e em breve será introduzida na Assembleia da República para ser levada a discussão em plenário. Esta, que já é a segunda petição levada a cabo pelo movimento de cidadãos, pode ser consultada e assinada aqui: https://peticaopublica.com/mobile/pview.aspx?pi=PT114513
Foi recentemente encontrada nas Alagoas Brancas uma rara comunidade de plantas associadas aos meios aquáticos, com várias espécies raras e ameaçadas. Trata-se da maior população nacional de Damasonium bourgaei, espécie criticamente em perigo em Portugal, só conhecida em 2 outros locais (num local ocorre uma planta isolada e noutro local são poucas dezenas de indivíduos). Além desta também foram registadas outras plantas raras, como Cressa cretica e Elatine macropoda e outras espécies, como Sporobulos aculeatus, que atestam o bom estado de conservação da comunidade.
As recentes descobertas e os últimos pareceres e estudos técnicos feitos sobre o local têm contrariado a posição daqueles que durante demasiado tempo tentaram desvalorizar a importância ecológica e ambiental das Alagoas Brancas.
Uma das ideias sugeridas por alguns políticos tem sido que a solução para o problema seria translocar os animais selvagens de lugar e construir um habitat húmido artificial, mudando a zona húmida das Alagoas Brancas de sítio. Esta é uma ideia que o movimento de cidadãos contesta solenemente e que aponta como sendo uma não-solução, nem a curto nem a longo prazo, muito menos na conjuntura climática em que nos encontramos e muito menos tratando-se de uma zona húmida de água doce com as características e serviços das Alagoas Brancas. Quantos anos leva para recriar as condições necessárias para o funcionamento sustentável das cadeias tróficas ali presentes? As zonas húmidas são considerados os ecossistemas mais ricos e produtivos da biosfera – como pretendem recriar aquilo que a natureza leva milénios a sedimentar? O que fazem os animais que ali habitam entretanto? Onde vão viver as milhares de aves que pernoitam nas árvores das Alagoas Brancas? Quanto custaria um projeto destas características? Se o erário público pode ser usado para recriar habitats artificiais (neste caso o que está em causa é uma zona húmida de água doce) onde não há garantias suficientes de que o suposto habitat artificial funcione ou resulte, então porque não usar o erário público para mudar o loteamento de lugar? ou para pagar a indemnização? Muito se tem ouvido e lido sobre os receios de uma hipotética indemnização ao promotor, mas serão esses receios fundamentados? E os montantes propelidos foram baseados em quê?
Há cerca de dois meses atrás, a propósito de uma reunião entre a Câmara de Lagoa e o movimento, o presidente Luís Encarnação informou que mudaria o loteamento de lugar se o governo apoiasse e o promotor aceitasse. Recentemente Luís Encarnação contactou um dos membros do Movimento de Cidadãos e informou que teria sinalizado terrenos para esse efeito e que também já teria falado com o promotor nesse sentido, prometendo agendar uma nova reunião com o movimento após a ocorrência da FATACIL.
A campanha de sensibilização do movimento vai continuar imparável.
O movimento tem marcado presença na FATACIL. No dia da inauguração da feira, o movimento falou com a Ministra da Presidência Mariana Vieira da Silva, dando conhecimento da causa e dos valores em questão.
Foi recentemente colocado um outdoor na cidade de Lagoa junto à estrada nacional 125.
O movimento tenciona projectar um segundo outdoor na zona, de modo a que a causa continue presente na consciência de todos.
As Alagoas Brancas são uma pequena zona húmida de água doce no seio de um aquífero aluvionar que ao longo do ano alberga 300 espécies registadas de fauna e flora, entre as quais 146 espécies de avifauna.
Este ecossistema dependente de água subterrânea (EDAS) funciona também como uma bacia natural de contenção de água promovendo serviços de ecossistema à cidade de Lagoa, e mitigando riscos para pessoas e bens em caso de cheias e inundações. Esta área deveria pertencer à reserva ecológica nacional como zona ameaçada por cheias (ZAC) e como área estratégica de infiltração e proteção à recarga de aquíferos (AEIPRA).
O movimento está atento e não se coaduna com posições difusas, ou voláteis, e irá intensificar esforços por esta nobre causa, se tal for necessário.
Contamos com todos para pensar global e agir localmente! Vamos salvar as Alagoas Brancas!
Mov Salvar Alagoas Brancas