Emeis | Com um País cada vez mais envelhecido será a terapia ocupacional uma das profissões do futuro?

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Portugal é, a par com a Itália, o país da União Europeia com maior percentagem de população idosa, existindo quase dois seniores por cada jovem*, o que torna a Terapia Ocupacional numa das profissões do futuro, mas, apesar de ser uma profissão com mais de 100 anos de história, a verdade é que a é ainda desconhecida para a maioria das famílias portuguesas. O que é afinal a Terapia Ocupacional e para que serve?

Segundo dados divulgados pela Pordata este ano, a população idosa em Portugal tem crescido mais de dois por cento ao ano, desde 2019, sendo que há apenas 2,6 pessoas ativas por cada sénior, com o número de pessoas com 100 anos a ultrapassar as 3.000**.

Caminhamos então para um futuro onde a população que tem 65 e mais anos será de 36,8% em 2080, este envelhecimento para ser vivido de forma positiva, ativa e com qualidade terá de ser acompanhado pelos meios adequados. A profissão de Terapeuta Ocupacional será cada vez mais importante para apoiar e acompanhar o aumento da população envelhecida. O Terapeuta Luís Marques, Terapeuta Ocupacional na Residência Saúde Sénior, no Montijo, explica o que é a terapia ocupacional e quais os seus benefícios e importância para os mais velhos.

O que é um Terapeuta Ocupacional?
Inserido nos técnicos de diagnóstico e terapêutica, um Terapeuta Ocupacional é um profissional capaz de proceder à avaliação da condição do utente, interpretação dos sinais mais ou menos visíveis evidenciados pelo utente e acima de tudo, capaz de estabelecer objetivos de intervenção junto das populações com maiores necessidades interventivas por parte deste técnico, bem como no seu ambiente envolvente, social e familiar.

Trabalhando numa equipa multidisciplinar, tem um papel preponderante e moderador nas principais necessidades da população sénior, podendo em conjunto criar uma harmonia perfeita entre a intervenção individual de cada profissional e o objetivo final dessa mesma intervenção – sempre centrados nos principais interesses dos utentes e familiares ou cuidadores, promovendo maior autonomia, maior independência, maior consciência e orientação, maior  assertividade, conduzindo a uma melhoria considerável na sua qualidade de vida, seja numa residência sénior, seja no seu domicílio.

Qual é o seu papel?
Junto da população mais idosa, o Terapeuta Ocupacional está capacitado para se inventar e/ou reinventar face às metas estabelecidas, após cada avaliação, promovendo o desenvolvimento de competências motoras e cognitivas que estão inerentes à realização das mesmas. O desempenho ocupacional, será tanto melhor, quanto maiores e melhores forem também as competências e/ou a adaptação do ambiente físico e/ou social do utente, no seio familiar.

O Terapeuta Ocupacional possui arte no seu manuseio  diário de conhecimentos para adaptar ou readaptar vidas e formas de estar; ensinar técnicas para ultrapassar obstáculos; aconselhar produtos de apoio e dispositivos de compensação; aplicar testes ou baterias para estimulação cognitiva ou simplesmente estimular momentos de lazer. No final, todo um conjunto de verbos com um único propósito – a reabilitação funcional do indivíduo, por forma a melhorar a sua reabilitação física, psicológica, social ou ainda socio-economico-cultural, capacitando-o para o seu desempenho diário. Podemos assim  definir na sua essência principal: Terapia Ocupacional = Re(h)abilitar.

Quais são os seus benefícios?
Este apoio, compreende todo um conjunto de estratégias, não só com vista a melhorar o desempenho nas AVD (atividades mais significativas, como o vestir/despir, o banho, cuidados de higiene básicos e alimentação), nas atividades que compreendem o contexto laboral (se for o caso), ou ainda nas atividades de lazer, avaliando o ambiente envolvente, adaptando ou mesmo projetando alterações necessárias a todo o seu desempenho, podendo existir necessidades de introduzir produtos de apoio específicos aquela realização e ou ensino de estratégias à família.

Com a evolução cada vez mais significativa dos equipamentos eletrónicos, o Terapeuta Ocupacional dispõe de exercícios desenhados e orientados , para melhoria das competências cognitivas (memória, atenção, orientação, raciocínio e capacidade de resolução de problemas, através de Jogos Sénior), bem como para  melhoria das competências motoras (força muscular, destreza e motricidade fina, coordenação óculo-manual, entre outras), ou ainda para estímulo da interação entre os demais utentes.

É ainda importante o papel do Terapeuta Ocupacional, junto das equipas multidisciplinares, contribuindo sobre todos os aspetos que envolvem o utente e que carecem da intervenção de outras valências técnicas, com o objetivo máximo de dar ao idoso a oportunidade de ser mais autónomo, mais independente, mais consciente, mais orientado e assertivo, conduzindo a uma melhor qualidade de vida, seja numa residência sénior, seja no seu domicílio.

* dados divulgados pela Pordata
**dados divulgados pela Pordata no Dia Mundial da População

MKMA