As doenças oncológicas representam a principal causa de morte prematura em Portugal, influenciando também na perda de anos de vida saudável.
O cancro da mama é o tipo de cancro mais comum entre as mulheres – representa 40% dos cancros -, e perspectiva-se que 1 em cada 8 mulheres possam vir a desenvolvê-lo. A sua incidência tem atingindo cada vez mais mulheres jovens (faltam em Portugal registos actualizados).
Houve um aumento, em 2022, de mortes de mulheres com cancro da mama de quase cinco por cento, e 7 000 novos casos, contribuindo para esse crescimento o facto de, durante a Covid, terem sido suspensos os rastreios, consultas, tratamentos e cirurgias.
Não está a ser concretizada a estratégia de recuperação, criando ainda maiores impactos na vida da doente, de cada família, na vida social e até económica.
O cancro da mama, bem como o seu tratamento tem consequências na vida sexual e reprodutiva da mulher, repercutindo-se na quebra da auto-estima e na saúde mental.
O MDM manifesta a sua preocupação porque:
- Os rastreios do cancro da mama, para além de não estarem a incluir mulheres com menos de 50 anos, e com mais de 69 anos, continuam a ter uma a taxa de adesão de apenas metade das mulheres elegíveis – 51%, equivalente a cerca 420 000 mulheres rastreadas -, correspondendo a uma diminuição de 12% em comparação com os números de 2017.
- 2 em cada 10 mulheres afirmam que nunca foram ao ginecologista;
- A política de contratação de médicos oncologistas no SNS não acautelou o volume de doentes oncológicos em tratamento nas diferentes unidades de saúde;
- A articulação dos Cuidados Paliativos Hospitalares e Comunitários é deficiente;
- Portugal tem um dos custos per capita mais baixos entre os países da UE no que diz respeito aos cuidados oncológicos.
- Depois de muitos anos de propostas de inúmeras entidades e associações (onde o MDM se inclui) vai finalmente ser alterada a abrangência das mulheres consideradas para o rastreio, dos 50 para os 45 anos.
O MDM manifesta ainda a sua preocupação porque as desigualdades são uma realidade:
- na prestação de cuidados, as pacientes tantas vezes debilitadas, são obrigadas a percorrer quilómetros para irem à consulta, realizar tratamentos ou exames médicos;
- no acesso e na comparticipação em vários equipamentos que a mulher precisa para melhorar a sua qualidade de vida;
- na falta de resposta na saúde mental a um número de utentes cada vez mais expressivo.
Estes factos e dados apontados revelam que é imprescindível e urgente suprimir obstáculos no SNS, e maior eficácia nas estratégias
das políticas de saúde pública, para que seja respeitada a equidade no acesso em todas as dimensões de cuidados em saúde: desde a
prevenção ao rastreio; ao diagnóstico e terapêutica.
O MDM insiste na necessidade de execução das políticas públicas que assegurem maior investimento no SNS e gestão descentralizada, para
- Assumir como prioridade das prioridades o investimento nos recursos humanos, designadamente, médicos de Medicina Geral e Familiar, e médicos e enfermeiros especialistas, técnicos de diagnóstico e terapêutica;
- A execução plena dos programas de rastreio, com alargamento na cobertura populacional, nas idades abaixo dos 45 anos e acima dos 69;
- Assegurar, progressivamente, nos cuidados de saúde primários, o acesso a consultas de proximidade de oncologia médica e a tratamentos oncológicos com medicação injetável e oral, e apoio na área da saúde mental;
- Promover e apoiar a informação e a educação para a saúde dos cidadãos, nos centros de saúde e hospitais, através de campanhas,
programas e iniciativas destinadas à população em geral ou a grupos específicos, designadamente a jovens e mulheres com mais de 69 anos (faixas etárias ainda não comtempladas nos rastreios); - Melhorar a articulação dos Cuidados Paliativos Hospitalares e Comunitários;
- Desenvolver a Rede Pública dos Cuidados Paliativos e de Cuidados Continuados;
- Garantir o acesso, e a comparticipação, em igualdade, em vários equipamentos e acessórios – soutien pós-cirúrgicos, mangas elásticas, turbantes, cabeleiras, cintas, cremes, e terapia de grupo;
- Expandir os apoios à reinserção social e profissional de sobreviventes;
- Garantir o reforço na investigação clínica, apoiar os projectos de investigação específicos sobre este tema, bem como a aplicação da inovação na ciência e da nova tecnologia.
MDM